Na última sexta-feira, 02 de outubro, o grupo feminino de k-pop mais conhecido e renomado mundialmente, BLACKPINK, lançou seu primeiro full álbum. Em menos de 24 horas do lançamento, The Album já tinha alcançado o #1 do iTunes em 57 países, sendo o segundo grupo feminino sul coreano a bater o recorde.
The Album é composto de oito música, sendo seis inéditas e duas promovidas como singles. No primeiro semestre de 2020, rumores do comeback das meninas começaram a circular online, e justamente neste momento, começou o burburinho do possível full.
A primeira faixa “How You Like That” foi o primeiro comeback coreano do grupo em junho de 2020. Foi uma surpresa para os fãs, que geralmente recebem apenas uma nova música do grupo por ano (enquanto outros grupos fazem novos ciclos de seis em seis meses, em média).
A faixa respondeu ao hype com a fórmula assinada e patenteada BlackPink (trademark), feita e determinada desde 2018. Apesar de causar a apelação correta aos fãs com um batidão com breakdown como refrão, a reutilização excessiva da fórmula começou a irritar fãs casuais e até mesmo os fãs mais investidos. Apesar disso, “How You Like That” foi extremamente popular, com a linha “Now / Look at you / Now look at me / How you like that?”.
Em seguida, temos a collab que todos esperavam: “Ice Cream”, com Selena Gomez. A canção foi escrita por Ariana Grande e Victoria Monét. Lançada em agosto, a faixa é a primeira em que o grupo canta totalmente em inglês, focando no seu público internacional. Mesmo participando em outras canções de artistas ocidentais (“Sour Candy”, da Lady Gaga e “Kiss and Make Up” da Dua Lipa), sempre havia pelo menos uma linha em coreano.
“Ice Cream”, dentro do The Album, parece estar fora de lugar. Não por ser mais animada, ou diferente do que se espera de BLACKPINK, mas a verdade é que ninguém esperava que o grupo, no auge do seu girl crush coreano típico, fizesse algo que remeteria tanto ao color pop. Há quem diga que houve um pouco de preguiça por parte da produção, ou que parte do êxtase foi automaticamente retirado quando anunciaram que a colaboração não era AriPink.
Voltando ao BLACKPINK que conhecemos e amamos, “Pretty Savage” é o som de assinatura do grupo, ainda com um pé na fórmula, indicada pela clássica falta de refrão. O “BLACKPINK in your area” no começo nos indica que a canção talvez fosse uma boa candidata para title track e seria a promovida nos shows de música diários na Coreia.
Para a quarta faixa, mais uma colaboração: “Bet You Wanna”, com Cardi B. Essa não foi anunciada previamente, seria uma surpresa para os fãs se não tivesse vazado em uma imagem divulgada pela própria empresa por trás do grupo. No dia que mostraram o álbum físico por dentro, photocards e afins, fãs encontraram o nome da música e o de Cardi gravado no próprio CD.
No dia do lançamento, houve uma certa comoção entre fãs internacionais, que acreditaram que as meninas do grupo sofreram em questão de partes cantadas por causa de Cardi.
“Lovesick Girls”, a title track, é a primeira em muito tempo que trouxe uma mudança significativa para o grupo. A utilização de instrumentos (e até a vibe do acústico), um refrão sólido e perceptível, menos rap e até uma ponte bem desenvolvida são elementos que faltaram em músicas passadas.
Esse tipo de produção é claramente mais focada no mercado americano, no qual as meninas entraram oficialmente neste ano. Dessa vez, até o horário da estreia foi diferente: decidiram seguir o padrão americano, na meia noite de quinta para sexta, para atingir fortemente os charts da Billboard. Além disso, é a primeira vez que as próprias integrantes são creditadas. Jennie e Jisoo estão como liricistas, e Jennie na composição. Um nome significativo nos créditos de “Lovesick Girls” é David Guetta.
Já em “Crazy Over You”, voltamos (de novo) ao BLACKPINK que conhecemos e amamos, dessa vez completamente em inglês. É a primeira faixa na língua que não faz parte de uma colaboração. “Love To Hate Me”, apesar de também ter os elementos comuns do grupo, é mais parecida com b-sides de lançamentos anteriores. O rap da canção vem com uma pegada mais parecida com o R&B americano e, se o ouvinte se esforçar o suficiente, pode lembrar do pop anos 2000 em alguns momentos.
Por fim, “You Never Know” é a balada designada. Todo álbum e EP de k-pop vem com uma balada calma, mais entristecida, com um pouco de piano, sempre entre as últimas. Com essa canção, vemos ainda tons mais agudos, letras sobre brilhar apesar dos julgamentos eternos e empatia.
The Album veio como uma surpresa para quem nem imaginava que veria BLACKPINK promover em 2020. Apesar de suas falhas, o álbum veio em um momento perfeito para o grupo e para os fãs, com meses de antecipação, enquanto uma pandemia acontece do lado de fora.
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