Na noite do último sábado, 8, em São Paulo, Davi fez sua estreia no Sesc como artista solo, dividindo esse momento com a presença da cantora Urias em algumas músicas. Anteriormente, o artista já havia performado na instituição, com o icônico grupo de tecno brega, Banda Uó. Dessa vez, o goiano trouxe, através de seu debut, Ritual (2019), uma mescla de gêneros digna de feitiçaria.

Em uma clássica noite de verão de São Paulo, o público, sendo em sua maioria homens, se acumulava diante do palco, alguns sozinhos, outros acompanhados por amigos, namorados e até por taças de vinho ou drinks. Quando as luzes se apagam, surge Davi com um figurino branco, assinado pelo stylist Olavo Dias, que ressaltou a luz natural que o cantor já irradiou em sua primeira canção da noite, “Coisas da Bahia”.

O início do espetáculo parece ter sido marcado por certo nervosismo por parte de Davi, mas, conforme a noite foi passando, momentos como cantar parte do hit “Rasga”, de Urias em um vocal de rock, e também ao lado da cantora, realizar um lindo cover de “Oasis”, de Potyguara Bardo foram descontraindo o cantor. Além de reagir à rostos conhecidos na plateia, rir dos fãs, que gritavam memes “sedentos” (tal como “Nem um guindaste…”), ou piadas como chamar sua guitarrista, a incrível Theo Charbel, de Aerosmith, e, é claro, ver tantas pessoas cantando suas músicas, fez o artista se soltar cada vez mais, despertando o que é intrínseco à ele: seu estrelato. 

A noite foi marcada por uma atmosfera muito dançante, quente, e cheia de canções explorando os mistérios do que desejamos, principalmente no amor romântico e carnal, respectivamente, com destaque para “Saiba” e “Banquete”, faixa essa que conta com a participação de Jaloo. As luzes e energia do espaço pareciam incluir todos ali presentes em um momento verdadeiramente ritualístico para soltar o corpo e o que os aflige, emociona e excita. Uma verdadeira montanha russa de emoções que, apesar disso, resultou em um show que transmitiu uma perspectiva autêntica, delicada e aconchegante do furacão de ser jovem e querer tudo e todos, e, às vezes, só uma única coisa ou um único alguém.

Como se não bastasse o público, ao fim da noite, já estar totalmente refém de Davi, o artista demonstra absurda humildade, e, agradece diversas vezes, nitidamente emocionado, a presença, carinho e companhia dos ali presentes naquela noite. Show este que marcou o começo de um ano em que serão realizados outros shows em várias partes do país, segundo o cantor. 

Além disso, através de um desabafo, Davi pede, talvez, o maior desejo de seu ritual: por favor, continuem apoiando e divulgando ele, e outros artistas independentes LGBTQ+ que não estão fazendo músicas tão comerciais, e, sim, as canções que realmente querem. Com isso, se depender do público ali presente, e, aqui representando, do portal Mad Sound, esse desejo não será um problema, pois esse é só o começo de uma carreira com potencial de enfeitiçar e encantar o cenário musical brasileiro por muito tempo.

Categorias: Notícias Resenhas