O pequeno palco do Espaço Kubrick, casa de shows no Rio de Janeiro, foi capaz de suportar o peso da noite comandada pelo rock, trazendo a banda Menores Atos de volta à sua terra natal. 

Toda essa força foi iniciada pelo grupo que abriu a noite: o quarteto Benin, que nasceu como fruto dos fundadores da Menores Atos em 2002, Luis Felipe Fabris e Rodrigo Salgado. A banda, que também conta com o baterista Rômulo Simões e o guitarrista Fabiano Dias, apresentou o álbum de estreia, Pluriverso.

A faixa “Tacape” principia certa fúria- fúria essa que se estende ao longo da apresentação, marcada por riffs poderosos e bateria pesada (remetendo ao metal, sendo digna de muitas batidas de cabelo). “Paixões, virtudes e o incondicional”, música do Animalia, primeiro disco da Menores Atos, também marcou presença e foi responsável por fazer o público cantar. Apesar da casa ainda estar vazia, Benin nos mostrou um repertório promissor para a cena do hardcore melódico nacional. 

Após os minutos regados pelo hardcore, a banda Def manifesta outras divisões do amplo gênero musical que é o rock: alternativo, shoegaze, emo e até mesmo instrumental com influências do progressivo atual, como The Mars Volta. O grupo formado por Deb F (voz e guitarra), Eduarda Ribeiro (voz e guitarra), Hugo Noguchi (baixo) e Dennis Santos (bateria)  apresenta o seu segundo disco, Sobre os Prédios que Derrubei Tentando Salvar o Dia Pt. 2. Esse álbum se trata da continuação de uma narrativa inaugurada há 4 anos com o EP Sobre os Prédios que Derrubei Tentando Salvar o Dia Pt. 1.

“Intro” começa com uma bateria calma que se torna cada vez mais nervosa, como se estivesse liberando uma angústia acumulada há anos. Assim foi o show da Def: um turbilhão de sentimentos sendo liberados aos poucos, emocionando todos que estavam ao redor. 

A técnica de tapping usada nas guitarras, os vocais femininos que se alternavam e a bateria que transitava entre muitos ritmos tornaram aquele momento ainda mais especial. Isso foi evidenciado principalmente na faixa “Casa (Paulo)”, em que uma bateria e baixo eletrizantes formaram um contraste com os vocais e guitarras melancólicas. Incrementando a apresentação, o quarteto performou “Amor de Índio”, um clássico da música brasileira eternizado por Beto Guedes. Um show sensível e carregado de potência.

Depois foi a vez da Menores Atos fazer história no palco do Espaço Kubrick. Nesse momento, a casa estava completamente lotada para receber o trio carioca composto por Cyro Sampaio (guitarra e voz), Ricardo Mello (bateria) e Celso Lehnemann (baixo). Retornado à cidade natal depois de se mudar para São Paulo, a banda performa o seu segundo disco, Lapso. 

Intenso, verdadeiro e visceral. Os adjetivos que descrevem o novo trabalho do grupo também se encaixam quando ouvimos as faixas sendo apresentadas ao vivo. “Lapso” começa com um riff de guitarra prolongado, levando a plateia aos gritos. Diversos riffs sujos, remetendo até mesmo ao grunge e bandas de rock alternativo dos anos 90 como Smashing Pumpkins, abarcam a apresentação. Além disso, podemos ouvir o público cantando as músicas – nenhuma ficou de fora, todas geraram um coro firme que seguia a banda. 

“Transtorno” nos surpreende por ter o vocal comandado pelo baterista Ricardo Mello, que segue realizando viradas. O baixo e a bateria se encaram como se estivessem em um verdadeiro duelo. Tudo isso diante de mais um riff de guitarra sujo, o qual transita para uma sequência de acordes suaves. No final da canção, Cyro pergunta: “Quem tá fazendo aniversário aí hoje? Parabéns pessoal, parabéns de coração!”, também agradecendo pela presença de todos e afirmando reconhecer vários rostos. Dessa forma, Menores Atos expõe um show intimista, mesmo com a casa lotada, fazendo o coro do público ecoar até o momento em que a banda se retirou. 

Benin, Def e Menores Atos se apresentam como se fizessem parte de uma receita fabulosa. Assim, o pequeno palco do Espaço Kubrick contribuiu com um capítulo importante para a história do rock nacional.

Veja abaixo fotos exclusivas do show tiradas por Bruno Fernandes.

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