Se você estava em São Paulo no último domingo, 3, percebeu que o tradicional céu cinza da cidade foi ofuscado por uma explosão de cores na principal avenida da capital. Desde às 10h da manhã, milhares de pessoas cobertas de purpurina, fantasias e bandeiras de arco-íris se dirigiram à Paulista para celebrar a diversidade e lutar por direitos para a população LGBTI.

Mas em nenhum momento o clima de festa da 22ª Parada do Orgulho LGBTI de São Paulo ofuscou o objetivo político dela, que é considerada uma das maiores do mundo. O tema no último final de semana foi “Poder para LGBTI+ Nosso Voto, Nossa Voz”. Dentre diversas personalidades, estava presente a arquiteta Mônica Tereza Benício, viúva da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ). De cima do trio, ela relembrou a atuação da finada esposa. “É importante saber em quem a gente vota. Vir para a rua é fazer festa e fazer revolução. O Brasil é um dos países que mais mata a sua população LGBT. Isso aqui é resistência política.”

E a raíz política é, inclusive, o motivo da Parada acontecer em junho no Brasil e em diversos outros países. Isso porque a história do movimento começou em junho de 1969, nos Estados Unidos, com as Revoltas de Stonewall. Até os anos 1960, a legislação norte-americana criminalizava completamente as relações homossexuais, mesmo se dentro de casa e consensuais. Tais tipos de relacionamentos poderiam ser penalizados até mesmo com prisão perpétua no país. Castração, choque elétrico e lobotomia – cirurgias que retiravam parte do cérebro do paciente – eram alguns dos procedimentos padrão na “cura” dos homossexuais.

Dentro desse cenário obscuro, um dos poucos locais que aceitavam LGBTIs nos Estados Unidos era o bar Stonewall Inn, em Nova York. Em 1969, ele se tornou um dos pontos da revolução. Durante dias os frequentadores enfrentaram a polícia, que fazia batidas frequentes, sempre violentas e opressoras.

Os acontecimentos chamaram a atenção da imprensa, com cobertura intensa de jornais como o New York Times e o New York Post. A repercussão fez com a revolta se transformasse em uma abrangente luta pelos direitos LGBT.

Então, em 1970, aconteceram as primeiras Paradas LGBTI norte-americanas, celebrando o aniversário do evento. A data exata da comemoração é 28 de junho – o Dia Internacional do Orgulho LGBT. E, para marcar este mês tão importante, convidamos o colaborador Valter Fragoso para fazer uma playlist com artistas e faixas que representam a resistência na indústria musical. Ouça abaixo.

* Esperamos suas sugestões de playlists no e-mail [email protected] 🙂

Categorias: Notícias