Texto por Mariane Vilas-Boas

No meio dessa pandemia interminável, mais precisamente no dia 5 de junho de 2020, a banda espanhola Hinds lançou o The Prettiest Curse. São 10 faixas que duram 30 minutos com Carlotta Cosials (vocais e guitarra), Ana Perrote (vocais, teclado e guitara), Ade Martin (baixo e backing vocals) e Amber Grimbergen (bateria) experimentando algo novo.

Os quatro singles lançados entre dezembro de 2019 e abril desse ano resumem bem isso: “Riding Solo” é sobre a saudade de casa e a vida na estrada. “Good Bad Times” é sobre relacionamentos que aparentemente não acabaram bem. “Come Back And Love Me” é uma balada espanhola perfeita e “Just Like Kids (Miau)” é um desabafo sobre o porre que é estar na estrada, ser uma mulher e ouvir groselha o tempo todo de gente querendo te “ajudar”; a última frase  “I guess this is the prettiest curse” resume e justifica o título do álbum.

“I guess it’s the sweetest
I guess it’s the warmest
I guess it’s the prettiest curse”

“Algumas das canções foram escritas no frio de Londres em fevereiro, algumas na ensolarada Espanha na primavera e no outono e algumas em LA no verão.” elas contaram à Wonderland Magazine.

Gravado durante oito meses e em um processo cuidadoso da produtora Jenn Decilveo (Albert Hammond Jr.,Bat for Lashes), a banda se encontrou. Diferente dos dois álbuns anteriores (Leave Me Alone de 2016 e I Don’t Run de 2018) The Prettiest Curse é mais maduro, mais lapidado e a prova de que a evolução da banda é uma realidade.

Pela primeira vez elas compuseram em espanhol e com a mistura do inglês, que ainda é predominante, as músicas ganharam um tempero especial. Sem medo de soar pop e perder a vibe lo-fi dos dois primeiros discos. 

“Nós tínhamos medo da música pop há muitos anos, mas sempre fizemos melodias pop excelentes. Quando Ana e eu nos juntávamos para fazer melodias, nós pensávamos, ‘Isso é legal, mas é muito pop’. Estávamos evitando. ” contou Carlotta Cosials à NME

Assim, como quase todos os álbuns programados para 2020, o The Prettiest Curse teve sua data de estreia adiada, de abril, pulou para junho. O álbum é sem dúvida divertido, talvez divertido demais.
“Não era o momento certo para falar sobre isso e promover algo que deveria ser alegre” contou Ana Perrote também à NME sobre o adiamento.

São músicas pra shows, dias ensolarados e ao ar livre. Tudo que não pode (na teoria) acontecer nesse atual momento no nosso planeta. Elas que já abriram shows de grandes nomes como Strokes e Libertines, tiveram sua turnê adiada, por motivos óbvios. Mas as Hinds se viram como podem, dão festas para via Zoom, fazem lives no Instagram e entre palavras em inglês e espanhol, elas interagem e respondem perguntas dos fãs.

O terceiro álbum das Hinds fez menos burburinho do que deveria mas merece atenção porque é cativante, jovem e mostra que elas vieram pra ficar.

BÔNUS: Elas fizeram um cover incrível de “Spanish Bombs”, do The Clash. A música fala sobre a guerra civil espanhola e o cover delas ganhou outro significado. Assista aqui! Além disso, elas se juntaram com a banda japonesa CHAI com a canção recém-lançada “UNITED GIRLS ROCK’N’ROLL CLUB”.

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