Texto por Pedro Tiepolo

O trio synth-pop CHVRCHES nunca havia vindo ao Brasil, mesmo sendo uma banda experiente, que completa em 2023 uma década de carreira. Para a felicidade dos fãs brasileiros, o grupo foi escolhido como a banda de abertura para o Coldplay para sua temporada no país: com mais de 11 shows nessa turnê, a banda também encontrou uma brecha na agenda para fazer um show por conta própria em São Paulo, na Audio. 

Se nos shows com o Coldplay a banda foi limitada a um set mais curto, aqui eles tiveram a liberdade para entregar uma performance mais que completa: com 20 músicas, o repertório transitou por todos os discos do trio, no que acabou sendo o show mais longo da carreira da banda.

Antes de entrarem no palco, a trilha sonora de Nightmare on Elm Street criava o clima para o que estava por vir. Além de ser uma grande influência na sonoridade da banda, que junta os sintetizadores da época com o pop moderno, o cinema dos anos 80 fez parte da estética e conceito do último álbum lançado pelo trio, Screen Violence (2021).

Assim que a banda entrou, iniciando o show com o single “He Said She Said”, ficou claro que o público já estava ganho. Os fãs, que quase lotavam a Áudio na noite de quinta-feira, pulavam cantando todas as letras, guiados pela presença cativante da vocalista Lauren Mayberry. 

Seus companheiros de banda, Iain Cook e Martin Doherty, também não decepcionaram no quesito presença de palco, trazendo energia para todas as canções. Não restou dúvida do motivo por qual a banda foi escolhida para acompanhar o Coldplay em estádios: o palco da Audio parecia pequeno para o Chvrches. 

Entre os hits pop, como “Miracle” e “Leave a Trace”, também houve espaço para a banda provar que não se limitam ao básico: em canções como “How Not to Drown” e “Science/Visions”, o grupo apostava na atmosfera criada pelos sintetizadores de Iain e Martin para hipnotizar e transportar o público. Em alguns desses momentos, Lauren se retirava do palco, dando o foco para o resto da banda. Porém, logo foi revelado que esse não era o único motivo de suas saídas do palco.

Se portando como uma verdadeira popstar, a vocalista teve três trocas de figurino durante o show. O ponto alto sem dúvida foi o bis: quando retornou ao palco, Lauren estava coberta de sangue falso, vestindo uma camiseta com a escrita “Final Girl”; remetendo ao clichê de terror, em que no final do filme resta apenas uma mulher para combater o assassino. Os visuais também acompanhavam cada mudança que acontecia ao longo do show, com a iluminação e projeções no telão complementando perfeitamente a estética retrô criada pela banda.

O repertório passou por cada um dos 4 álbuns do grupo, incluindo também o recém-estreado single “Over”. No final da noite, tocaram seu primeiro hit, “The Mother We Share”, culminando com a catártica “Clearest Blue”, que fez toda a plateia dançar em um final explosivo.

A vinda ao Brasil parece ter sido muito produtiva para o CHVRCHES: além de se apresentarem para milhares de fãs em potencial nos shows do Coldplay, o trio provou nessa noite na Audio a profundidade e qualidade do seu trabalho. Com sorte, isso significa que no futuro teremos mais oportunidades para ver o trio no Brasil novamente.

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