Por: Eric Campi

Com o clipe de “Four Out of Five”, Tranquility Base Hotel & Casino se firma como uma obra de arte — boa ou ruim, vai do gosto do ouvinte. O Arctic Monkeys seguiu a tradição de David Bowie, que influenciou muito os vocais de Alex Turner neste sexto disco de estúdio, o que culminou em um álbum, não em um amontoado de singles.

Tudo gira em torno de um conceito a ser explorado pela banda e pelo ouvinte. É para ser apreciado inteiro, sem pausas, com tranquilidade. As melodias e as letras são de igual valor e formam uma unidade. Não adianta ouvir sem entender o que está sendo dito.

E o clipe completa este pacote. O clima da ficção científica Kubrickiana, inspiração do disco, é a base do vídeo. A iluminação naturalista, o uso das cores, os tracking shots por corredores, os lentos zoom out… O “Tranquility Base Hotel” é o “Overlook Hotel” do “futuro”.

O plano que mostra Turner andando pela estação de trem é 2001: Uma Odisseia no Espaço puro: em enquadramento, iluminação e tema. Se no filme, o astronauta embarca em uma viagem rumo à evolução da espécie, aqui ele ruma à evolução do som da banda. Na estação, o vocalista, inclusive visualmente, é o do passado.
Já o novo Turner, com o visual atual, constrói o espaço que causará a evolução. Orquestra toda a preparação do hotel, olha sua maquete, em mais uma referência visual de O Iluminado, naquela em que Jack Torrance, em metáfora ao Minotauro mítico, espreitava as vítimas no labirinto.

O futuro do clipe é o hoje. Turner canta sobre a Information Action Ratio, o momento em que a informação em excesso perde seu sentido. O vocalista tenta no álbum, e no clipe, reencontrar o próprio sentido.
Para alguns, Tranquility Base pode significar uma ameaça para a carreira da banda, como Jack Torrance era para sua família. Parece mais, porém, uma viagem espacial que culmina na grande evolução. Como bem dita “2001”.

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