De vez em quando, mesmo em tempos dignos de tempestades, com direito a poderosos raios, que não nos permitem ouvir nada direito, algum som se destaca e acaba colocando o mundo para dançar, mesmo enquanto ele acaba.

Felizmente, para mim, esse som veio da californiana de 24 anos, Izzy Camina, uma cantora, compositora e produtora de techno-pop começando timidamente seu plano de dominação mundial sendo apontada como revelação por portais como NME, I-D, e agora, o Mad Sound.

O Mad Sound conversou com Camina, que está em isolamento em Los Angeles, sobre sua jornada de faculdade de finanças em Nova York até querer matar meninos indies em Londres, e seus sonhos na carreira, como lançar um álbum e colaborar com Charli XCX, Arca, e até Post Malone.

Confira, abaixo, a entrevista do Mad Sound com Izzy Camina:

Mad Sound: Oi Izzy! Como você está?

Izzy: Eu tô bem, e você como está?

MS: Estou bem… quer dizer, são tempos estranhos, né? (Risos)

I: Sim cara, são tempos muito muito estranhos… eu estava tentando pedir alimentos online e não deu certo… mas ai, é uma droga, porque eu não quero ir ao mercado, parece irresponsável ir!

MS: Sim, mas você tem que comer! (risos)

I: Pois é! (risos)

MS: Então, eu li que você sempre gostou de música desde sua infância, mas acabou indo para Nova York para estudar finanças, e acabou largando tudo e foi para Londres investir na música. É uma jornada e tanto, você pode me contar mais sobre?

I: Sim, bem, quando eu era pequena, eu morava em Los Angeles, na Califórnia, e então nos mudamos para Nova Jersey, talvez quando eu tivesse, não sei, 5 anos? E minha família começou a se sentir muito mal lá, porque todos nos julgavam, nós eramos meio que a família “artística”, sabe? Então, eu meio que cresci um pouco depressiva por ser uma criativa, porque nos subúrbios de Nova York [onde Nova Jersey está], é tudo sobre dinheiro, dinheiro, dinheiro, todo mundo trabalha com finanças, e você arruma um bom emprego.

Então eu acabei não sendo aquela jovem artista, mas eu ainda tinha esse sonho e pensei nas possibilidades. Então eu baixei um programa, fiz algumas demos, e uma agência de Londres se interessou por mim. E meu pai mora em Londres então eu tinha como ir pra lá, com isso eu desisti da faculdade, e peguei tudo que tinha guardado de dinheiro (risos), e eu não tinha muito sucesso, na verdade, mas eu conheci bastante gente da música então foi definitivitamente foi bastante aprendizado pra mim.

MS: Na primeira vez que eu vi seu EP, Nihilist In The Club,eu o mandei para uma amiga minha, que também é uma jornalista musical, e esteve em Londres por uma época, e ela descreveu o EP como “Londres underground”. Você concorda com ela? Quais foram suas maiores referências para a criação desse EP?

I: Eu acho que, porque eu não sou uma pessoa que consegue ouvir uma música e falar ‘Ah, isso me lembra a tal tal tal’, mas, realmente, eu acho que todo mundo compara minha música com “Londres underground“, seja lá o que isso significa! (risos) Eles não estão incorretos, eu estava saindo bastante nessa época, ouvindo bastante dark electro pop, eu estava bem imersa naquela cena, então é… Quer dizer, eu não cresci com muita música eletrônica, talvez um pouco de industrial, mas nada muito para rádio… então eu fui bem influenciada naquela época por esse ambiente.

MS: Quando eu me deparei com a última faixa do EP, “Kill Your Local Indie Soft Boy”, cara, que título relacionável! (risos), por favor, me conte sobre a história por trás dessa canção!

I: É uma música divertida, mas esses caras pegaram pesado comigo enquanto eu estava em Londres. Eu tinha uma queda por um cara que se identificou como soft, artístico e passivo. Ele usava macacões e me enviou músicas fofas, mas também era um slut shamer, e secretamente hiper tradicional. Apenas estranho, ruim e surpreendente.

Eu também trabalhei com dois caras super cools em um café no leste de Londres que eu achava que eram meus amigos, mas constantemente me menosprezavam e me intimidavam por causa da minha falta de educação e conhecimento em música. Ambos foram treinados formalmente, enquanto eu meio que me apeguei a um programa e comecei a fazer música muito rapidamente. Isso os irritou, compreensivelmente, eu acho, mas tenho certeza que se eu fosse um cara, eles me apoiaram muito mais.

MS: Nossa, com certeza. Ouvindo você falar eu vejo como todo esse comportamento só muda de endereço né, ainda mais pra nós duas que estamos na indústria da música mesmo em ocupações diferentes.

I: Sim, cara! Totalmente.

MS: Quando eu ouvi sua música, eu pensei imediatamente em uma artista que, pra mim, você seria perfeita para colaborar, e eu não sei se você gosta dela, mas eu pensei na Charli XCX e…

I: Ai nossa, sim! (risos) Ela é icônica!

MS: Com isso eu queria saber quais artistas estão na sua lista de colaborações dos sonhos?

I: Hm, bem, definitivamente Charli XCX, eu sou uma grande fã do Flume, Toro y Moi, Arca, eu amo… estou tentando pensar em pessoas que potencialmente poderia trabalhar… Hm, quem mais?…Ah! Post Malone? (risos)

MS: Uau! Foi uma mudança grande! (risos)

I: Eu faço de tudo! (risos)

MS: Sim, você consegue fazer de tudo! (risos) E pensando no futuro, mesmo nesse momento incerto, quais são os próximos passos pra você e pra sua carreira?

I: Hm, eu tenho muita música, então acho que está na hora de eu lançar um álbum. Então só falta encontrar um time certo, e quero que seja espalhado o máximo possível… eu estou investindo muito em todo o lance de se auto-promover, postar coisas no Instagram, postar uma vez no story, as coisas mais DIY, mas eu só queria um time pra me ajudar nisso. Sem falar na questão de quando você é independente, como eu sou, você tem que fazer todo trabalho sozinha, e é exaustivo pra porra.