Entender que todo fim também representa um recomeço é parte essencial da jornada humana. É sobre isso que Jova canta em seu novo EP, Casa Caída (2023), falando sobre reencontros, perdas pessoais e descobertas.

Artista destaque no Groover, Jova é o projeto musical de Diego Jovanholi. Natural de Belford Roxo, Diego vem de uma família bastante musical, dona do famoso Centro Cultural Donana, que nos anos 80 e 90 ajudou na formação e fomento de bandas como Cidade Negra, O Rappa, Negril e KMD5.

Sempre cercado por música, ele teve bandas dos 13 aos 20 anos de idade, sendo a última delas o grupo Mazé. Eventualmente, chegou no impasse sobre viver de música e ter sustento financeiro, o que o levou a trabalhar como design de produção e deixar a carreira musical de lado.

Foram cerca de 10 anos até a música voltar oficialmente para a vida de Diego. Apesar de ter abandonado os instrumentos, ele seguiu compondo até receber uma proposta de trabalho e se mudar para São Paulo, pouco antes da pandemia. Com os meses e anos subsequentes de isolamento, entretanto, a música se tornou um verdadeiro bote salva-vidas, e daí nascia oficialmente o projeto solo Jova.

“Cheguei aqui [em São Paulo] e começou a pandemia. Eu estava numa fase muito solitária, um relacionamento que estava indo por outros caminhos e a música meio que me tirou de um lugar não tão legal”, conta Jova em entrevista ao Mad Sound.

“Quando eu vim aqui pra São Paulo eu comecei a fazer meu primeiro EP com meu grande amigo Alencar Martins, e isso meio que ajudou a exorcizar alguns sentimentos. E voltar a ter essa comunicação com as pessoas também. A música é um negócio muito bacana, né? Você escreve uma coisa, a pessoa vê sua composição e acha outra, etc. Acabei tomando um gosto de novo pela questão da música e o que ela gera em mim. É como se fosse uma cura,” conclui.

O primeiro EP lançado por Jova foi o soturno Músicas Para Ouvir Perdido na Floresta (2020), bastante influenciado pelo som de Los Hermanos e referências que Jova acumulou ao longo da vida. No ano seguinte veio o EP Nada é Fixo (2021) e em 2023 o músico se reinventa e dá um passo adiante com Casa Caída, um projeto de indie pop bastante permeado pelo som de sintetizadores que soarão familiares aos fãs de Terno Rei. Isso é porque o EP foi produzido por Gustavo Schirmer, que também foi responsável pela produção dos álbuns Violeta (2019) e Gêmeos (2022).

Casa Caída lida com sentimentos bastante presentes na vida adulta e na mudança de casas e relacionamentos: cicatrizes acumuladas, erros cometidos e arrependimentos. O projeto, porém, faz isso não de forma melancólica, mas sim esperançosa, emendando alguns fins em novos começos e contando uma história cronológica ao longo de suas 5 faixas, inspiradas majoritariamente por Japanese Breakfast, Terno Rei e BRVNKS.

“Ele começa com esse sentimento que me marcou muito, que é a perda de um amigo [em “Velho”]. Depois vem “Casa Caída”, que representa o fim desse ciclo de um relacionamento, que também pode significar um recomeço de uma nova vida, e que emenda com “Novo Dia”, que é exatamente isso,” explica Jova. 

“Depois vem “Vacilei” que é essa questão de um desencontro, novos flertes, etc. E vai até “Drácula Ferrado e Mal Pago”, que é a última música, que conta um pouquinho dessa chegada aqui em São Paulo, basicamente sem amigos, com todo mundo longe. E essa mudança trouxe todos esses novos ingredientes para minha vida. Quero muito agradecer essa trajetória que São Paulo pôde me oferecer,” completa.

Jova atualmente trabalha na composição e produção de novas músicas em parceria com LYYA, que aparece como feat. na faixa “Vacilei”. Ele conta que suas novas referências pendem mais para o lado de Fontaines D.C. e Circa Waves, e que também está trabalhando em uma ópera rock chamada Ave Maria Madalena, que conta a história de uma pessoa que vem de outro planeta e vai parar na baixada fluminense.

Quando perguntado sobre como descreveria suas músicas para alguém que ainda não as ouviu, Jova responde: “É uma música muito que fala sobre sentimentos. Ela tenta tangibilizar essas coisas tácitas que estão lá dentro. Eu sou uma pessoa tímida, então me expressar, começar a falar é uma coisa meio difícil. Essas músicas foram um parto desse sentimento, basicamente. Então, basicamente, é envolvimento e sensação.” 

“É uma música triste e alegre ao mesmo tempo,” completa. “Tem um lado melancólico, mas tem um lado positivo e basicamente é isso. Espero que as pessoas caiam nesse balanço de triste e alegre, se identifiquem e estejam curtindo.”

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