Ícone do site Mad Sound
Eagle-Eye Cherry. Crédito: Divulgação

Eagle-Eye Cherry. Crédito: Divulgação

Entrevista Eagle-Eye Cherry: “Eu tinha uns 9 anos e pude tocar com o Talking Heads”

Durante promoção do novo álbum ‘Become A Light’, artista falou sobre inspirações, musicalidade e algumas histórias curiosas

Eagle-Eye Cherry retorna ao centro das atenções com Become A Light, seu sétimo álbum de estúdio e um dos trabalhos mais pessoais e energéticos de sua trajetória. Inspirado pelas memórias da adolescência em Nova York e pela convivência com a efervescente cena musical da época, o cantor reencontra a crueza do rock e do pós-punk que moldaram sua formação artística.

Ao mesmo tempo, o álbum reflete um artista que, após décadas de estrada, mantém a mesma paixão pela música e pela vida nômade da turnê. Com referências que vão de Tom Petty e Nirvana a Bob Dylan e John Lee Hooker, Eagle-Eye mostra maturidade sem abrir mão da vibração que sempre o guiou.

Em entrevista ao Madsound, o artista falou sobre o novo disco, inspirações, musicalidade e algumas histórias curiosas.

Madsound: Você está no Brasil há alguns dias. Como está sendo essa viagem?

Eagle-Eye Cherry: Está indo bem. Fiz esse tipo de show louco no Surf Club. E depois fui em algumas rádios, comi algumas boas comidas e falando com você.

MS: Gostou de alguma comida específica?

EEC: Sim, eu comi ontem, tinha alguma moqueca. Sim, foi muito bom.

MS: Seu novo álbum, Become A Light, reflete um retorno à energia bruta de suas primeiras influências no rock e no pós-punk. Como você se sentiu explorando essas influências e o que te motivou a resgatar esses gêneros musicais para o seu novo álbum?

EEC: O que eu tento fazer com esse álbum é basicamente pegar a energia que tínhamos em nosso show e entrar no estúdio o mais rápido possível depois da turnê, trazer a banda e tocar. E é isso que fizemos. Então, eu acho que muito do álbum não é diretamente conectado com a música que eu estava ouvindo, mas é inspirado, porque eu comecei a ouvir os álbuns que eu estava comprando quando eu era jovem, o Ramones, The Clash, Sex Pistols, e eu tive essa energia que eu tinha quando eu era jovem ouvindo esses álbuns. Então foi mais isso, eu descobri minha forma de voltar ao entusiasmo pela música. Mas eu não sei o quanto isso é refletido nas músicas de verdade no álbum, mas a energia está lá.

MS: Metade do álbum foi criado em Los Angeles, a outra metade na Suécia. Você notou alguma mudança perceptível em seus hábitos ou instintos de composição dependendo da cidade em que estava?

EEC: Eu sou meio-americano e meio-suécio. Meu pai era americano, de Los Angeles, e minha mãe era da Suécia. Então, para mim, isso sou eu. Essa mistura tem que estar lá para refletir quem eu sou. E mesmo que eu não viva nos Estados Unidos mais, eu preciso ir lá para me inspirar. Acho que uma das diferenças é que eu escrevi algumas músicas com o Jamie Hartman, e ele trabalha mais com o piano, e eu trabalho mais com a guitarra acústica. Então há algumas músicas, “Chasing Down a Dream” que é um pouco mais piano-driven do que eu normalmente faria. E isso é graças a Jamie.

MS: Você morou ao lado de membros do Talking Heads. Algum encontro estranho, engraçado e inesperado com eles na vizinhança ficou marcado na sua memória?

EEC: Sim. Éramos vizinhos do Talking Heads em um prédio industrial maluco em Nova York quando eu era criança. Eles ensaiavam lá o tempo todo, e provavelmente eu ouvi “Psycho Killer” mais do que qualquer outra pessoa. Eu corria para lá para dar uma olhada, e eles me emprestavam os instrumentos, eu conseguia tocar os instrumentos deles e tal.

Mas, eu li um livro do Chris France, o baterista do Talking Heads, há uns dois anos. No livro, ele conta uma história que eu conheço, sobre o outro lado da moeda: eles estavam ensaiando lá, e o Jerry Harrison, o tecladista, estava com problemas com drogas e álcool e não tinha ido ao ensaio. Então a Tina Weymouth, a baixista, disse: “Vou lá em cima chamar o Eagle Eye e ver se ele quer descer para tocar”. Eu tinha uns 9 anos, talvez. Então ela subiu e bateu na porta. E eu pude descer e tocar com o Talking Heads.

MS: Você disse que Tom Petty e Nirvana foram grandes influências musicais suas. Qual música deste álbum você mais gostaria de tocar para Petty ou Kurt Cobain?

EEC: A primeira música do álbum é “Just Because”. Eu tocaria essa para Tom Petty. E depois, “Remember What You Did Last Night”, eu tocaria para Kurt Cobain. 

MS: O que você deseja mostrar para as pessoas com o álbum Become A Light?

EEC: É tudo uma continuação. O último álbum, Back on Track… Para mim tem uma conexão entre os dois. E o mais possível, o que você ouve é basicamente o que nós tocamos. A banda entra no estúdio, e gravamos todos os tracks básicos ao vivo. Ainda mais do que nunca, isso para mim é a minha rebelião. Ainda fazendo música real, com músicos reais, e tentando manter as letras honestas. Esse é o meu objetivo, manter esse caminho. Não estou quebrando esse caminho.

MS: Olhando para o futuro, o que você gostaria de experimentar, musicalmente ou pessoalmente, que surpreenderá seus fãs de longa data?
EEC: Vamos ver quando isso acontecer. Eu tenho coisas, especialmente durante a pandemia, quando eu não podia sair de casa por muito tempo. Eu fiz muita música que é bem diferente do que eu normalmente faço. Mas eu não fiz nada com essas músicas ainda. Então vamos ver. Mas eu estava sentado, tocando um pouco mais com produção, porque eu tinha o tempo. Talvez eu lance em algum outro nome ou projeto, mas vamos ver.

LEIA TAMBÉM: Entrevista: Bôa fala sobre retorno após hiato de 20 anos e primeiro show no Brasil

Sair da versão mobile