A morte celular programada, também chamada de apoptose celular, é imprescindível para o desenvolvimento de um organismo, de forma natural e controlada. O novo álbum de Inner Wave, Apoptosis, tem esse conceito científico por trás de sua produção. Com o foco de crescimento pessoal – e até espiritual, a banda neo psicodélica traz uma nova formação e canções que contam uma história.

O estilo da banda e o gênero das músicas não mudaram em nada. De “One in a Million” até “Bones”, Inner Wave não tentou inovar ou oferecer algo diferente do que já foi feito antes. A diferença do último EP lançado, wyd, antes da pandemia e Apoptosis é que este é o primeiro álbum feito totalmente em um estúdio pela banda. 

A produção foi mais refinada, com uma pauta e agenda definida. Em entrevista a Euphoria, o grupo menciona que as coisas fluíram tranquilamente. O motivo para isso, em especial, foi por conta de dois integrantes terem contraído Covid-19 no final do ano passado, antes da campanha de vacinação para o público geral começar. Após se recuperarem, a banda se juntou em um estúdio e passou duas semanas direto trabalhando no álbum.

Em relação às letras, há muito que envolve resignação, perda de algo não material e a lembrança do que já foi percorrendo a mente de novo e de novo. Em “Memory (Trees)”, existe um pedido claro para que a memória de um relacionamento já morto continue viva, e desta forma, quem sabe, a esperança da reunião continue.

Já em “Air”, o sentimento é de que já passou muito tempo, não dá para retratar as coisas que ocorreram, apenas imaginar como poderia ter sido e o que aconteceu desde o último contato. O misto de saudade e saber que “é melhor desse jeito” é evidente nas letras da Inner Wave.

Mas se machucar também significa crescer. Em “Fever”, a batida inspirada em disco e com uma mistura de muitos instrumentos, há uma aceitação de que o higher power é quem manda e tudo há significado. Não tem momentos sem importância, sem essência. “Take 3” também se refere a achar seu lugar pessoal no caos que vivemos, de achar um espaço em que as coisas, de repente, fazem sentido. 

Já em canções como “Mystery” e “Reach”, dá para perceber que Inner Wave tentou experimentar aqui e ali, ultrapassando levemente a zona de conforto, com o uso de trompete e harpa, tocadas pelos próprios integrantes. 

A criação e direção audiovisual dos clipes para os singles (“Take 3”, “Mystery” e “Fever”) apresenta um desenvolvimento da banda, com o transparecer conceitual e referências novas. O vocalista, Pablo Sotelo, decidiu brincar com teorias de cores e dimensões diferentes nos vídeos.

Apesar do maior profissionalismo visto no quarto álbum de Inner Wave, a vibe indie da banda permanece, com a gravação do disco ter sido feita inteiramente em fita. 

Confira Apoptosis aqui: