O segundo dia do festival GRLS!, tomou lugar no Memorial da América Latina, no último domingo, 8. O dia chuvoso em comemoração às mulheres teve o lineup composto por Mulamba, Mc Tha, IZA, e a girlband britânica Little Mix.

Mulamba. Crédito: Helena Yoshioka

A banda brasileira Mulamba iniciou o dia após momentos de grande chuva e ameaça de raio, evacuando os funcionários para uma área coberta, e atrasando a entrada da fila (composta, em sua boa parte, por jovens fãs do Little Mix). No entanto, as artistas não deixaram por se abalar, e trouxeram o sol de uma luta em prol das terras brasileiras, e das mulheres para o festival.

Com músicas como “Carne de Rã” e “Vila Vintém”, respectivamente, sobre a importância da legalização do aborto seguro, e o menosprezo dos marginalizados a respeito de educação, alimentação, e tudo que se há direito, as artistas, desconhecidas pelo grande público hipnotizavam as fiéis fãs das headliners do dia.

No momento final do espetáculo, a banda chama ao palco, uma garota transexual que assistia ao show da grade. Colocando, sempre que podem, mulheres marginalizadas e não representadas em cima de palcos, transmitindo uma mensagem vital para as celebrações do 8 de março: todas nós mulheres importamos, todas temos direito a brilhar e estar em qualquer palco que desejarmos.

MC Tha. Crédito: Helena Yoshioka

Como segundo ato do dia, a paulistana MC Tha tomou o palco, magicamente, junto a chuva. Iniciando o seu ‘rito’ com “Valente”, a cantora exibiu um figurino vermelho e branco com uma máscara brilhante, e se apresentou para o público: “Pra quem não me conhece, faço um funk com influências principalmente brasileiras.” Mal sabia Tha, que quem não a conhecia, nunca mais ia esquecê-la.

Seu último single, “Coração Vagabundo”, começa uma sequência de canções dignas de um ritual de sedução, com uma Tha mostrando as pernas, se tocando e encantando, embalada pela próxima faixa, a ótima “Clima Quente”. “Céu Azul”, sua parceria com o artista e grande amigo de Tha, ecoa nas bocas da grande maioria do público. Em “Oceano”, uma reflexão. Literalmente. A artista aparece com um espelho e canta se encarando, “Vocês me devem cada lágrima”, ela canta, hipnotizada em sua própria história.

Apesar de um espetáculo único, demonstrando uma face da força feminina nunca apresentada em um palco tão grande como no GRLS!, parte da plateia se encontrava, de certa forma, desinteressada, parecendo que, talvez, o público desse dia, não estivesse pronta para acessar um mundo tão único como de Tha.

Um de seus primeiros hits, “Bonde da Pantera”, animou um pouco mais a plateia, na reta final do show. Finalizando o rito de uma artista vital para a cultura e indústria musical brasileira.

IZA. Crédito: Fernanda Tiné

A terceira apresentação do domingo foi comandada por uma das maiores vozes da música atual: IZA. Iniciando a noite com “Corda Bamba”, uma brilhosa Iza tomou o palco acompanhada por seus imponentes dançarinos. Era o começo de uma grande festa.

A carioca enfeitiça a plateia com a animada “Ginga”, sua parceria com Rincon Sapiência, e, em seguida “Te Pegar”, não foi interrompida pela forte chuva que tomou conta do Memorial da América Latina, era, como de certa forma, só deixasse a apresentação de Iza mais especial. Sobre o dia Internacional da Mulher, a cantora declara “Não poderia estar mais feliz em estar fazendo o que amo!”. Em seguida, um de seus últimos singles, “Evapora”, parceria com ninguém menos que Major Lazer e Ciara, faz sua estréia em um grande festival.

Em um intervalo com os backing vocals, a devoção à Rihanna foi iniciada: “Man Down” foi transformada em um ritmo reggae, e, logo depois, Iza surge novamente no palco e pergunta “Vamos rezar para nossa santa Rihanna?”, apresentando um ótimo cover de “What’s my Name?”. Após um medley de músicas de reggae, um dos gêneros favoritos da cantora, surge outro cover, dessa vez, da drag queen Pabllo Vittar, “Open Bar” ecoa pelo show.

Na parte final do show, a interlude de “I Have a Dream”, discurso de Marthin Luther King, leva para o maior hit da carreira da carioca “Pesadão”, e logo em seguida, como não poderia ser diferente, a poderosa e inspiradora, principalmente no dia das mulheres, “Dona de Mim”, tomada por uma chuva de confetes cor de rosa e olhos emocionados da plateia.

Iza, cada vez mais, prova o quanto é a popstar certa para os tempos obscuros que vivemos no país, capaz de nos fazer pensar, refletir, lutar, mas cantar, celebrar e dançar.

Little Mix. Crédito: Helena Yoshioka

Finalmente, a última atração do dia, e, da primeira edição do Festival GRLS!, o Little Mix sobe ao palco: Jade, Leigh-Anne e Jesy (sem Perrie, que não pode comparecer por problemas de saúde), estavam ali depois de oito anos de formação, e com grande fome de encarar o tão famoso público brasileiro.

A apresentação se inicia com a poderosa “Salute”, hino convocando mulheres a se juntarem a girlband em prol do empoderamento feminino. Em seguida, as canções inspiradoras à causa feminista seguem: “Power”, parceria com o grande rapper britânico Stormzy, e “Woman Like Me”, com ninguém menos que Nicki Minaj.

Com grande produção, desde belíssimas interludes e visuais, teve como complemento dançarinos, e nenhuma mulher além das vocalistas principais, que, apesar de serem fantásticas dançarinas, poderiam ter em seu exército, mais mulheres talentosas ao invés de outros homens.

O carinho que as britânicas expressavam pelo público brasileiro era praticamente palpável. Desde leques com bandeiras do Brasil em “Wasabi”, até uma bandeira do país junto à LGBTQ+ em “Secret Love Song”, as integrantes afirmaram diversas vezes as palavras mágicas que consolidam uma reputação: “Vocês são o melhor público do mundo!”, declarou Leigh-Anne.

O público, totalmente integre e fascinado ao ver suas ídolas tão de perto, pareciam fazer parte do espetáculo em cima do palco, cantando, dançando e até interpretando partes de interludes e falas.

Na parte final do espetáculo, mais hits: “Reggaeton Lento”, parceria com a boyband latina CNCO, “No More Sad Songs”, com o polêmico rapper Machine Gun Kelly, “Think About Us?”, com Ty Dolla Sign, e, por fim, a colorida e dançante “Touch”.

A presença, movimento, olhares, danças, produção fez a hora final do Festival GRLS! ser encerrado com grande chave de ouro pela Little Mix, mostrando o porque levam o título de maior girlband da atualidade, e mais do que isso, porque inspiram tanto jovens mulheres de todo o planeta, se mostrando genuínas, fortes e autênticas, e, por fim, utilizando todo seu “poder” para mudarem o mundo.

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