Lorde está entre as brilhantes artistas que vemos nascer de tempos em tempos. Em Virgin (2025), seu quarto álbum de estúdio, a cantora relata como é, de repente, ter 28 anos e viver as experiências reais da vida adulta.
Lá em Pure Heroine (2013) ela ainda parecia ser só uma adolescente cheia de certezas sobre a vida e seus ideais, quase invencível. Mas uma coisa que Lorde nunca abandonou foi sua sonoridade ímpar: os sons metalizados, as experimentações na sua voz rouca e a clareza em mostrar suas descobertas, fazendo com que milhares de pessoas se identifiquem.
Virgin é uma experiência sonora crescente. Começa explosivo nas três primeiras faixas e baixa um pouco em “Man of the Year”, mas é uma baixa mais melancólica, seja nela recitando sobre a quebra de seu ego por conta de um término de relacionamento ou nas nuances nada discretas nos acordes de baixo.
Lorde explora sua sexualidade e a liberdade sobre seu corpo, ou a falta dela. O que mais faz sentido dentro dessa obra é o poder sobre seus desejos sexuais, sem poetizar tanto, sem muitas metáforas para falar sobre sexo e mais sobre a realidade escrachada.
“David”, última faixa do álbum, é uma forte candidata a uma das melhores canções da carreira da artista. Entre graves intensos e uma letra carregada de sentimento de alguém que parece ter aparecido em sua vida por pouco tempo, mas tempo suficiente para causar impacto, começa em uma angústia, mas logo se rompe em um som de alívio.
Em meio a toda essa autoanálise, Lorde mais uma vez só quer nos levar a pensar em como bancar nossos desejos e experimentar apenas viver a vida com quem cruza nosso destino e acrescenta alguma experiência nele.
Ela sabe, como disse na entrevista para a Rolling Stone, que tem influência e não é superficial. As pessoas a levam a sério. E, diante de tudo isso, também sabe que não seria tão difícil assim estar entre as mentoras geniais da música.
LEIA TAMBÉM: Como a sombra de Lorde esconde o brilho de ‘Solar Power’ – e o convite para uma nova perspectiva

