Entrevista por: Giovanna Bohrer e Sophia Dias
Além de esperar provar o verdadeiro pão de queijo brasileiro, Naoko Yamano, guitarrista e vocalista do trio japonês Shonen Knife, também está muito animada para apresentar suas músicas no Brasil. A banda, formada ainda por Atsuko Yamano no baixo e Risa Kawano na bateria, toca no Cine Joia, em São Paulo, no dia 14 de dezembro.
O trio é natural de Osaka e começou a fazer músicas em 1981. Desde sempre, misturam influências do punk inglês setentista com o power pop e o rock de garagem adolescente. Os primeiros lançamentos da época começaram a chamar a atenção de grandes bandas, como Redd Kross, Sonic Youth e, eventualmente, Nirvana — não à toa, é difícil, no contexto ocidental, desvincular a imagem da Shonen Knife ao título de “banda favorita do Kurt Cobain”. Esse reconhecimento por parte de outros artistas contribuiu para o sucesso internacional do trio nos anos 1990.
Apesar de serem reconhecidas como figuras importantes para outras bandas femininas emergentes, especialmente em um cenário que — tanto à época quanto hoje em dia — era predominantemente masculino, Naoko não encara isso como um pioneirismo e prefere viver a música focando na satisfação do público. “Eu nunca penso em gênero, mas acredito que a música pode fazer todas as pessoas felizes […], meu propósito ao tocar é fazer as pessoas felizes por meio dela, porque eu mesma fico feliz quando vejo o sorriso feliz do nosso público”, afirmou em entervista à Mad Sound.
A guitarrista, que disse escutar bossa nova todas as manhãs e já ter ido a um show do Sepultura em Osaka, adiantou um pouco da alegria que a banda espera entregar ao público brasileiro. “Estamos preparando nossas músicas marcantes e canções do nosso álbum mais recente, Our Best Place, para o setlist”, relata.
Além disso, Naoko confessou a vontade de tocar uma faixa específica no país. “Vamos tocar uma música chamada Capybara. Eu amo animais fofos e sei que eles vivem no Brasil. Espero que as pessoas gostem dessa música”, completa.
Confira a entrevista na íntegra abaixo:
MS: Vocês já são uma banda há mais de 40 anos e nunca se apresentaram no Brasil. Quais são as expectativas para esse primeiro show no país? Houve algum motivo para estarem vindo só agora?
Naoko: Estamos muito animadas para tocar no Brasil! Não houve um motivo específico para não termos tocado aí antes. Ninguém nos convidou até agora. Desta vez, por sorte, fomos convidadas para uma turnê pela América Latina. Estou muito feliz por tocar no Brasil.
MS: Vocês têm alguma faixa favorita para tocar ao vivo? E existe alguma que vocês acham que o público brasileiro, especificamente, vai ficar animado ao ouvir?
Naoko: Eu gosto de todas as músicas de tocar no palco. Estamos preparando nossas músicas marcantes e canções do nosso álbum mais recente, Our Best Place, para a setlist. Eu sempre tento criar um espaço divertido e feliz para compartilhar com o público durante os shows, com músicas divertidas de vários estilos. Vamos tocar uma música chamada Capybara. Eu amo animais fofos e sei que eles vivem no Brasil. Espero que as pessoas gostem dessa música.
MS: Vocês costumam ouvir música brasileira? Há algum artista que gostariam de encontrar enquanto estiverem aqui?
Naoko: Eu ouço músicas de bossa nova todas as manhãs. É de um programa de rádio da internet. Não sei o nome de músicos específicos, mas a atmosfera é tão boa e me deixa relaxada. Também já vi um show do Sepultura em um festival de heavy metal em Osaka, cerca de 10 anos atrás. O show foi divertido.
MS: Vocês começaram a banda em 1981, muito antes de termos como riot grrrl ou girl rock existirem. Como era ser um trio de rock formado só por mulheres no Japão daquela época?
Naoko: Nós conseguimos ganhar destaque, e muitas bandas de garotos nos convidavam para abrir seus shows. Nós nunca marcamos shows por conta própria, mas conseguimos muitas oportunidades de tocar para o público. Era tão fácil!
MS: Há algo que vocês querem fazer, ver ou comer aqui no Brasil?
Naoko: Estou ansiosa para ver nosso público no Brasil. Eu amo pão de queijo. Gostaria de comer pão de queijo de verdade no Brasil.
MS: Como vocês enxergam o legado do Shonen Knife para a música e para a presença feminina na cena?
Naoko: Eu nunca penso em gênero, mas acredito que a música pode fazer todas as pessoas felizes. Eu amo música, e meu propósito ao tocar é fazer as pessoas felizes por meio dela, porque eu mesma fico feliz quando vejo o sorriso feliz do nosso público.
MS: E, para finalizar, vocês têm algum recado para preparar o coração dos fãs brasileiros?
Naoko: Vamos nos divertir juntos e vamos AGITAR no nosso show!
