Ian Carvalho, artista ítalo-brasileiro advindo da cena independente, fazia turnê pela América do Sul com o trabalho Ian Carvalho Project. Cansado de sempre procurar músicos que pudessem acompanhá-lo nas diferentes localizações, decidiu convidar a colega Tina para tocar com ele. Assim surgiu o duo Hate Moss.

Radicados em Londres, Ian e Tina carregam a filosofia punk do DIY (Do It Yourself – Faça Você Mesmo). Não à toa, Stock-a DIY é o nome do selo fundado pela dupla, cuja turnê brasileira se estende de 07 de agosto a 13 de setembro. Nessa tour, um novo integrante, Iury, irá acompanha-los no baixo e nos sintetizadores.

Em entrevista para o Mad Sound, o duo relatou que essa filosofia, atrelada a uma especialidade bastante brasileira de se adaptar à realidade, é o que define o grupo. “Se não somos uma banda, somos um coletivo ou algo parecido, que de forma plástica muda, adaptando-se às necessidades e possibilidades dos integrantes”, explica Ian. Tina completa: “Nós, como outros artistas da cena independente, não sempre conseguimos nos encaixar às necessidades do mercado. E pra acrescentar algo mais, essa cena é muito mais genuína.”

O som da banda claramente é difícil de se classificar, característica que distancia as músicas de um som mais comercial e, de novo, os coloca como representantes certos de uma contracultura contemporânea.

“Cresci escutando música brasileira e música italiana, meus pais tocavam nos bares fazendo covers de bossa-nova, jazz, cantautores e mais. Acredito que temos muitas influências que não são só italianas ou brasileiras. Somos um projeto meio brasileiro, meio italiano com base em Londres e somos influenciados por músicas de todos os cantos, fazemos pesquisas contínuas tentando achar sempre um ingrediente novo para mesclar com as nossas raízes ítalo-brasileiras, digamos”, conta Ian.

“Todas nossas influências provêm das nossas experiências do dia-a-dia. Temos nossas ideologias e às vezes essas mesmas ideologias se contradizem, nossos textos são sempre perguntas e, ao final, não conseguimos dar respostas. Quem sabe esse é o nosso jeito de pedir ajuda, perguntando aos ouvintes das nossas músicas se algo do que perguntamos e dizemos tem sentido. Usamos essas categorias (electroclash, indie, pós-punk) porque até agora quem nos escutou disse que era isso que estávamos fazendo. Quem sabe no próximo disco alguém dirá que fazemos cúmbia ou funk.”

O primeiro álbum da banda, Live Twothousandhatein, foi gravado em apenas em um take. Na verdade, ele surgiu de um convite para gravar um set que acabou se transformando em disco. Sobre o nome, Ian analisa: “Esse ano de 2018 foi quando começou o projeto, mas também mostrou como a ignorância leva as pessoas a produzir um ódio que fortalece os que estão no poder, fabricando um círculo vicioso e deletério. Essa é a linha temática que junta cada música e leva o ouvinte a se divertir enquanto se pergunta ‘o que está acontecendo?’ Essa era a nossa ideia: divertir o público, mas deixando-o também com a cabeça cheia de perguntas. Isso fazem bem os melhores comediantes – e nós, afinal, somos também palhaços”.

Confira as datas da turnê brasileira do Hate Moss:

Hate Moss. Créditos: Divulgação
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