Em pleno Dia das Bruxas, Florence + The Machine lançou seu sexto disco de estúdio, Everybody Scream, e a data não foi uma mera coincidência; nele a cantora inglesa se aprofunda no universo da magia. Esse mergulho no tema aconteceu por conta da experiência de quase morte pela qual Florence Welch passou. Durante a turnê do último álbum, Dance Fever, Florence sofreu um aborto espontâneo devido a uma gravidez ectópica e precisou submeter-se a uma cirurgia de emergência.
Durante as entrevistas de lançamento do álbum, ela falou abertamente sobre como essa experiência influenciou o seu álbum. Inclusive, antes da cirurgia, contou que subiu ao palco e compartilhou a situação que muitas mulheres reconhecem. Disse à Rolling Stone: “Eu estava com dor. E o que você faz sendo mulher? Eu simplesmente tomei um ibuprofeno e fui trabalhar.”
O disco também funciona como um grito contra a indústria musical misógina e patriarcal, que exige o máximo das artistas mulheres enquanto não cobra o mesmo dos homens. Duas faixas se destacam nesse tema: “One of The Greats”, que originalmente era um poema, e “Music By Man”. Nessa, Florence chega a ser irônica ao lembrar do episódio em que se machucou no palco e recebeu críticas negativas ao seu álbum: “Quebrando meus ossos, conseguindo quatro de cinco [estrelas].”
O disco é recheado de participações. Entre elas a de Mark Bowen, do Idles, que além de coescrever “Everybody Scream” e aparecer no videoclipe, ainda atua como produtor em outras faixas. Aaron Dessner, do The National, participa de boa parte da produção do álbum. E por fim, Mitski participa da faixa “Buckle”, que aborda a solidão que a fama pode causar.
Depois de quase vinte anos desde o lançamento de seu álbum de estreia, Florence finalmente expressa os dilemas que enfrentou ao longo de sua carreira por ser mulher. Além disso, mais uma vez, mostra que a magia pode ser uma ferramenta de cura. Com voz angelical e arranjos de arpas e sopros, o grito de Florence ecoa como um grito de liberdade que contagia a todos.
LEIA TAMBÉM: Jamille lança cartões postais ao mundo com o disco ‘Flores Vermelhas’

