Compositor, cantor, instrumentista e produtor, Gabriel Serapicos é antes de mais nada um artista e um sentimentalista. Talvez essas duas coisas sejam uma só. Afinal, o que é ser um artista?

Ele anda pelas ruas de São Paulo com um caderno de anotações onde ele escreve qualquer ideia ou pensamento que vem à mente, “Aí entra a parte mais difícil que é encaixar o rascunho da letra numa melodia, ou vice-versa”, conta Gabriel com exclusividade ao Mad Sound.

Composto apenas por ele e Victória Vaz, o Serapicos traz um rock com uma pegada techno-brega no novo single, “Sofá-Cama”, lançado há algumas semanas. “Ela fala sobre um relacionamento aberto mais melancólico, não é políamos. É meio ‘pode me trair, só te peço um pouco de misericórdia’”, ele explica, “Acho que fala um pouco sobre a falta de sincronia sexual do casal.”

Compositor desde os 14 anos, Gabriel vê a música como uma forma de se libertar, “Acho que a música e a arte são interessantes quando se opõe ao discurso da publicidade, da auto-ajuda. De certa forma, são confissões”, ele conta ao concordar que o tópico de relacionamento aberto, apesar de mais popular nos dias de hoje, ainda é mal visto e incompreendido por muitos, “É muita coisa para administrar nessa vida, tá louco”.

Para acompanhar o lançamento, um clipe bem divertido foi divulgado. Nele, um casal tenta descobrir como manter a chama do início do namoro acesa. Após diversas tentativas, eles percebem que a resposta está mais longe do que imaginavam.

O single é o primeiro de três outras músicas que serão lançadas pelo Serapicos em 2018, “Mas estou trabalhando com meus empresários imaginários a possibilidade de inclui-las em um disco maior”, ele conta brincando.

Como produtor, Gabriel entende o processo de criar uma música como ninguém. “Sempre abordo a música como um produtor. Já pensando em como ela vai ser gravada, quais timbres ficariam interessantes, etc. Porque no fundo são só etapas de um mesmo processo. O desafio de toda canção é dar vontade no ouvinte de ouvi-lá de novo, e isso é, em parte, trabalho do produtor.”

Influenciado quando pequeno por bandas como System Of A Down, Green Day e Beatles, ele possui um grande repertório que passa por grandes compositores como Beethoven, Leonard Cohen e Stephin Merrit. “Atualmente, qualquer música ou letra que me dê inveja de não ter escrito”.

Gabriel está conquistando seu espaço na cena musical independente, mas ele confessa que, como todo trabalho, tem suas dificuldade: “Me parece ser um momento difícil para a música ao vivo pois os palcos de pequeno porte estão sumindo.”

“Se você quer ter um caso, se isso não sai da tua cabeça… tudo bem desde que não seja com alguém que eu conheça”, canta Gabriel.