O Mad Sound sentou com o duo Royel Otis formado por Otis Pavlovic e Royel Maddell, para conversar sobre o último álbum, PRATTS & PAIN (2024) e a viagem da banda entre o indie nostálgico e os hits contemporâneos.

O clima da entrevista no começo é de completo cansaço, tornando difícil de acreditar que depois de alguns minutos, esta se tornaria uma das entrevistas com maior troca que já fiz. 

Otis está jogado na cadeira, enquanto Royel está debruçado em má postura com o cabelo cobrindo o rosto. Assim que começamos a conversar, os meninos começam a se soltar, principalmente quando outras bandas e artistas apareciam na conversa, desenvolvendo um laço familiar como o de qualquer pessoa conhecendo outra que goste das mesmas coisas que você.

Numa entrevista que te faz sentir numa conversa de boteco, esta aqui é dedicada aos indie-heads dos anos 2000. 

Mad Sound: É ótimo estar aqui com vocês. Podem nos contar um pouco sobre como vocês se conheceram e decidiram formar a banda?

Otis Pavlovic: Foi por um grupo de amigos em comum… aí começamos a jogar muita sinuca [Royel dá risada], e aí começamos a falar sobre música, até que um dia decidimos ir pro estúdio tocar juntos.

MS: Quais são as principais influências musicais que moldaram o som de Royel Otis?

Royel Maddell: The Cure, The Smiths, The Vines, e o primeiro álbum do Kings of Leon – mas só o primeiro [dá risada]. 

MS: Vamos falar do seu último álbum, PRATTS & PAIN. O álbum parece ter bastante influência do indie de 2010-2012, como na música “Merry Mary Merry Me”. É só uma brisa minha ou é uma inspiração? 

RM: Me lembra muito dessa época também.

OP: Às vezes fico pensando que nosso som lembra muito os caras do Edward Sharp And the Magnetic Zeros. Acho que até essa música, pelos sons do pessoal falando no fundo, mas pela vibe geral. Mesmo assim, acho que é mais uma coincidência do que uma inspiração.

MS: Me contem um pouco sobre a música “Foam”. É um hit e tanto!

RM: Escrevemos essa meio que na hora porque recebemos umas mensagens que deixaram a gente muito putos. Mas depois, com o arranjo e a linha de baixo – que eu tinha gravado bem antes, na pandemia – até pensamos que apesar de agressiva, ela também parecia meio romântica.

MS: Vocês têm algum ritual ou método específico para compor? Como foi o processo de composição de PRATTS & PAIN? Qual foi a música mais gostosa de compor, gravar, etc. no álbum?

OP: Não existe uma fórmula [Royel fala ao fundo “Queria que tivesse”]. A gente chega no estúdio e vai sentindo a atmosfera do que vamos gravar no dia. Uma memória gostosa desse álbum foi o sobrinho do Royel, Archie, ir tocar bateria com a gente um dia. Lembro que gravamos algumas músicas ao vivo. “Big Ciggie” e “Velvet” são minhas músicas favoritas.

MS: Vocês ficaram super em evidência com os covers de “Linger” e “Murder on the Dancefloor”. Qual a memória mais significativa dessas músicas pra vocês?

OP: Essas músicas foram tocadas no total improviso [ambos dão risada]. “Linger” era uma música que minha ex-namorada tocava toda hora.

RM: Na verdade é um som bem nostálgico… lembro de memórias da minha mãe limpando a casa e ouvindo Cranberries enquanto eu assistia TV.

MS: Há algum artista ou banda com quem vocês sonham em colaborar?

RM: Lil Yachty com certeza.

OP: Lil Yachty.

Royel: Lil Yachty e Paris Texas. Já ouviu Paris Texas? É muito bom.

MS: Já, eles são realmente incríveis.

[Royel na entrevista toda vai mexendo com o cabelo na cara. Nesse e em alguns outros momentos, ele joga risadinhas por entre as medeixas rosa-claro desbotadas no cabelo loiro quando falamos de bandas ou artistas que ambos curtimos].

MS:  Royel Otis por Royel Otis em 3 palavras

OP: Muito; Muito [Nós três demos risada]

RM: Deprimid-

OP: Exaustos [rimos novamente]

MS: Vocês conhecem alguma banda brasileira?

OP: Viji

RM: Ela é brasileira?

OP: Ela é brasileira, sim, mas mora em Londres

RM: Me recomenda um artista brasileiro!

MS: Jorge Ben. Ele tem uma atmosfera super mística e brasileira no álbum Tábua de Esmeralda

RM: Conheço a música “Chove Chuva”. Já vou colocar em uma das minhas playlists! [Royel mostra a página do Jorge Ben no Spotify para ter certeza que é esse o artista que estamos falando]

MS: Quais são os próximos passos para Royel Otis? Talvez um show no Brasil?

OP: Estamos com a agenda lotada até o fim do ano com a turnê do novo álbum, mas adoramos a simplicidade do lema de vocês “come to brazil”, e esperamos poder atendê-los em breve.

LEIA TAMBÉM: Entrevista Mother Mother: Ryan Guldemond fala sobre ‘Grief Chapter’ e mais