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Álbuns diversos de City Pop

Álbuns diversos de City Pop. Crédito: divulgação.

(Re)Descubra City Pop: O fantasioso movimento musical do Japão nos anos 80

A onda cosmopolita japonesa de 1980 que deu origem a um dos gêneros musicais mais icônicos do país

Um dos grandes benefícios de explorar gêneros musicais é encontrar jóias escondidas onde se menos espera, ou vê-los retornando depois de terem alcançado seu pico. City Pop não é diferente. Em 2018, a cantora Mariya Takeuchi se tornou um meme ao ser recomendada para ouvintes de vaporwave com a canção “Plastic Love”, lançada em 1984. Agora, a música se tornou o carro chefe do gênero e grande catalisadora da volta ao retrô na Ásia. 

Para entender de onde veio isso tudo e sua atual popularização, faremos uma pequena contextualização histórica: depois do período conturbado da Segunda Guerra Mundial e a Guerra das Coreias, o Japão se viu com um crescimento econômico estável no início dos anos 60 intensamente impulsionado pelos Estados Unidos, além das importações de artigos tecnológicos. 

https://www.youtube.com/watch?v=3bNITQR4Uso

No final dos anos 70, artistas japoneses viviam nessa bolha capitalista como se não houvesse amanhã. City Pop foi inventado como uma fusão de disco, jazz e AOR em cima de uma sociedade cosmopolita que procurava ouvir algo leve, divertido e moderno. O uso do termo urban é utilizado frequentemente para espelhar os valores americanos que foram assimilados na época, afastando o antigo Japão agrário. 

Durante todo o período dos anos 80, as ruas das cidades eram usadas como inspiração para o gênero. A vida com luxo, roupas de marca, discotecas e arte foram os principais colaboradores para o City Pop. E por mais que não houvesse nenhuma rede social naqueles anos, a sua popularidade cresceu graças a disseminação dos aparelhos de som em carros, abrindo espaço para criar a imagem coletiva de cores neon, grandes prédios e o movimento da noite – elementos que podem facilmente serem vistos em animes dos anos 90, inclusive. 

Como o City Pop se tornou uma grande mistura de outros tipos de música, há muita discussão a respeito do que realmente faz parte desse movimento. Em fóruns como o Reddit, fãs fazem listas sobre os álbuns que são essenciais para conhecer o gênero. Por conta de toda a diversificação, não há algo definitivo, mas essa lista é a mais indicada.

Artistas como Junko Ohashi, Taeko Ohnuki, Tatsuro Yamashita e os grupos Casiopea e T Square são considerados os pioneiros do City Pop, com canções icônicas que abriram espaço para mais pessoas conhecessem a nova moda da época. Yamashita é um dos cantores que mais abrangeu outros gêneros em suas músicas, indo do disco ao estilo californiano, cantando sobre amor em inglês e japonês (com letras que contam como era apaixonado por Mariya Takeuchi, que são casados desde 1982). 

https://www.youtube.com/watch?v=fekWiU3K_e0

O gênero perdeu força já no início dos anos 90. O crescimento do Japão já não era mais evidente e crises econômicas derrotaram o estilo de vida que acompanhava as músicas. Os jovens não iam às discotecas, queriam um entretenimento com mais substância. Quem cresceu durante o pico do City Pop não sente nenhuma afinidade pelas canções. Porém, com o revival do retrô, há quem queira capitalizar essa moda novamente. 

No país ao lado, empresas de entretenimento coreanas perceberam que o mercado estava pronto para mais músicas inspiradas nos anos 80. Algumas focaram em um boogie e disco americanizado, outras decidiram que iriam no caminho do R&B e Soul. Em 2018, Yukika Teramoto debutou como artista de K-Pop, escolhendo resgatar sua origem japonesa na sua música de estreia. “Neon” foi o primeiro passo consolidado para uma nova era do City Pop, agora moderno e globalizado. 

Apelidada de “rainha do City Pop” pelos fãs, Yukika anunciou na última quarta-feira, 01 de julho, que seu novo álbum será lançado até o final do mês. 

Quer saber mais sobre K-Pop? Leia o nosso dossiê sobre o gênero!

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