Texto por: Ágatha Flora
A estreia da dupla Rio Kosta não poderia ter nome mais simbólico: Unicorn. O duo de Los Angeles, formado por Mike Del Rio e Kosta Galanopoulos, apresenta um álbum que chega como quem abre um portal: expansivo, colorido e cheio de energia solar. É uma celebração em forma de música pop psicodélica, onde somos conduzidos por um mosaico sonoro em que cada faixa se encaixa como parte de uma jornada.
Para a banda, este momento marca o início da chamada “Fase Um”, como define Mike Del Rio, que simboliza não apenas o lançamento de um primeiro álbum, mas o ponto de partida, onde referências, sons e visões se alinham para dar corpo a um projeto que ainda vai se desdobrar em diferentes capítulos.
Sonoramente, o disco é uma viagem de grooves hipnóticos, camadas psicodélicas e vocais ensolarados. Ele transita entre espiritualidade, amor e êxtase, criando um espaço de escapismo pop que dialoga com Tame Impala, MGMT, Foals e Rufus du Sol, mas sempre com uma vibração própria, marcada pela brasilidade e pelo hibridismo cultural que dá frescor ao som da banda.
Esse mosaico se revela faixa a faixa: de “Ancients”, que evoca ancestralidade e espiritualidade, passando pela contemplação íntima de “Endlessly”, pelo fluxo transformador de “Follow the River” e pela pulsação catártica de “Higher”, até a sensualidade de “One With You” e a catarse quase gospel de “Save My Soul”. Cada peça encontra seu lugar e, juntas, revelam uma figura maior.
No centro dessa construção está “Mountain Top”, o core do disco e sua peça-chave. Criada como uma espécie de matriz sonora, dela foram extraídos fragmentos que reaparecem em outras faixas, garantindo uma familiaridade imediata mesmo em músicas diferentes. É uma canção que simboliza conquista e visão ampliada, mas também uma declaração de princípios, conectando o DNA do som e do espírito da Rio Kosta.
Unicorn se consagra como a fundação do universo da banda. Nascido de encontros fortuitos e jams madrugada adentro, o projeto carrega a leveza da infância eterna e a intensidade da amizade transformada em criação. É música feita para acompanhar a vida em seus diferentes momentos, como em um álbum de fotografias em que cada imagem traz de volta a lembrança da canção que estava tocando.
É só o começo da jornada da Rio Kosta, sendo um convite para embarcar nessa nave-mãe que acaba de decolar.