O Arctic Monkeys não está muito preocupado com o que o público acha da banda. O lançamento de Tranquility Base Hotel e Casino comprova isso. O disco anterior, AM, foi o maior sucesso comercial da banda, o que se deu muito pelo som fácil e pegajoso dos singles. Já o citado Tranquility Base se apoiou em composições no piano e sons que lembram David Bowie. Uma das inspirações do álbum, inclusive, é o brasileiro Lô Borges.
O show no Lollaplooza só ressalta esse sentimento que, no caso, é uma qualidade. A maturidade da banda chegou e, com ela, uma preocupação apenas com a evolução musical. O disco mais recente não teve nenhum single, por exemplo.
Alex Turner e companhia abriram o show com “Do I Wanna Know” e “Brianstorm”, dois sucessos de anos atrás. Como se o grupo quisesse colocar o público no clima antes de fazer a apresentação que eles realmente queriam. Depois de “Snap Out Of It” e “Don’t Sit Down Cause I Moved Your Chair”, veio a primeira do novo disco, “One Point Perspective”, que diminuiu a agitação.
A partir daí, a banda praticamente intercalou um grande hit agitado e puxado pro pós-punk com uma faixa lenta no piano. A plateia claramente amornava mas, de novo, eles não estavam preocupados. Muito pelo contrário, a banda parecia querer afastar aqueles que estavam lá apenas pelas músicas populares.
O trio de canções quase no final da primeira parte do show emendou as tristes “Cornerstone” e “505” com faixa-título “Tranquility Base…”. A última antes do encore também foi a parada, mas ótima, “Four Out Of Five”. E quem pensava que eles voltariam pro bis com mais um sucesso explosivo, enganou-se. A volta foi com “Star Treatment”, em que Alex Turner deitou em cima do piano.
O cantor interagiu pouco com a plateia, de vez em quando falava coisas aleatórias e agradecia o público. Ele é a alma do Arctic Monkeys. Já tem toda a pinta, e o talento, de um rockstar e trilha um caminho parecido com o de Josh Homme, do Queens Of The Stone Age. Homme é claramente uma inspiração e, inclusive, produziu álbuns dos Monkeys. A banda é afiada e raramente erra uma nota ou um tempo. A qualidade ao vivo dos membros é inegável.
Para os fãs das antigas, hits como “I Bet You Look Good On The Dancefloor”, “Teddy Picker” e “Dancing Shoes” colocaram todos para pular e dançar. Ao fim, com “Arabella” e “R U Mine” fecharam um show propositalmente com um clima inconstante. Uma escolha curiosa, mas que só soma ao fato de que o Arctic Monkeys é uma das bandas contemporâneas mais originais e conscientes de suas qualidades e ambições.