Não há dúvidas de que o baixo elétrico é um dos instrumentos musicais mais subestimados, sendo alvo de comentários como “Mas nem consigo escutar o som disso na música”, “Simplesmente não faz falta” ou até mesmo que “Baixistas são guitarristas frustrados”. No entanto, o seu som é responsável por ditar o ritmo da música, sendo o verdadeiro protagonista em uma banda.
Assim, comecei a me interessar pelo som do instrumento e, principalmente, a pesquisar sobre as pessoas responsáveis por comandarem suas notas graves. Nessas pesquisas, sempre me deparei com homens, fazendo com que fosse necessário digitar “baixistas mulheres” na aba de busca (na verdade, sabemos que é assim em toda a indústria da música, composta quase que integralmente por homens). Os poucos textos/listas encontrados eram de maior parte de sites estrangeiros e, na maioria das vezes, mencionam como são “mulheres sexys” e como ajudam a “criar uma estética para a banda”.
A partir dessa indiferença, resolvi criar uma lista com 6 baixistas essenciais para a história da música, mostrando não apenas como o grave pode ser poderoso nas mãos de mulheres, mas também que essas são protagonistas no meio de qualquer banda, ditando o seu ritmo.
- Carol Kaye
Apesar do nome praticamente não ser muito escutado, Carol Kaye foi uma pioneira no mundo dos graves. Sorrateiramente, se tornou um dos nomes mais prolíferos da música popular, realizando mais de 10 mil gravações em 50 anos de carreira. Além do sentido rítmico e de base que o baixo normalmente cumpre, Carol ofereceu um caráter harmônico e melódico ao instrumento, sendo capaz de tocar qualquer coisa: rock, funk, pop orquestrado. Não é a toa que ela tocou baixo em “Good Vibrations” e em todo o conceituado álbum Pet Sounds, dos Beach Boys, em “La Bamba”, de Richie Valens, em “Somethin’ Stupid” de Nancy e Frank Sinatra, entre outras diversas colaborações em canções clássicas e temas cinematográficos.
2. Esperanza Spalding
A cantora e contrabaixista norte-americana é uma das maiores revelações da nova geração do jazz, misturando a sua técnica e a suavidade de sua voz, formando um belo contraste. Além disso, Esperanza trouxe para o jazz diversos elementos de outros estilos, como a música africana, hip-hop e até mesmo música brasileira, realizando parcerias com Milton Nascimento – fazendo versões de suas canções, como ”Ponta de Areia”.
O som de Esperanza nos permite viajar dentro de sua complexidade que, ao mesmo tempo, é carregada de leveza.
3.Kim Gordon
Kim Gordon, uma das fundadoras do grupo Sonic Youth, provou ser mais do que uma garota na banda, ajudando a incorporar o som do rock alternativo dos anos 90. A dissonância da energia de seu baixo se tornou reconhecível, mostrando como o instrumento de quatro cordas pode ser feroz. Revolucionando o punk, Kim quebra a barreira predominantemente masculina no mundo do rock, o que é eternizado nos dizeres de sua camiseta usada durante uma apresentação: “Mulheres inventaram o punk, não a Inglaterra”
4. Tina Weymouth
Impossível não se motivar com a energia propulsora do baixo nas canções da banda norte-americana Talking Heads, que foi um marco para a new wave/art-rock. A responsável pela inesquecível linha de “Psycho Killer” trata-se de Tina Weymouth, que foi uma das primeiras mulheres baixistas da história do rock moderno, adicionando uma atmosfera funk nas guitarras e sintetizadores que formavam as canções do grupo.
Dentro de seu próprio projeto Tom Tom Club, que conta com a participação do baterista Chris Frantz, também criou linhas que entraram para a história, como “Genius of Love”.
5. Kim Deal
As proeminentes linhas de baixo da banda norte-americana Pixies são comandadas por Kim Deal, que tocava de maneira natural e acrescentava seus vocais em diversas faixas do grupo. A baixista prova que um bom instrumental vai além da exibição técnica, construindo linhas simples, mas extremamente vigorosas. Dessa forma, Kim teve um papel significativo para o desenvolvimento do grunge e da cena do rock alternativo, abrindo com seus solos algumas das canções mais prestigiadas da banda, como “Debaser” e “Gigantic”.
6. Meshell Ndegeocello
Figura essencial para o movimento do neo-soul, Mashell acrescenta em suas performances uma combinação de hip-hop, r&b, jazz e até mesmo rock. Após tocar com grandes nomes como Rolling Stones e fazer parte de algumas bandas independentes, mostra a sua excelência na carreira solo, iniciada com seu álbum Plantation Lullabies.