A palavra “manifesto” normalmente vem com um peso, com uma mensagem forte e decisiva, mas aqui ela ganha um novo significado. Em Manifesto dos Ventos Delirantes, primeiro EP de Bluebagbang, ela significa algo leve, melancólico e introdutório. Aqui, a palavra nos revela que Marina Hungria, natural de Itapetininga, irá nos contar suas experiências mais íntimas e transformadoras.

“New Stars” abre o EP e foi escolhida como o single para introduzir o Manifesto. A história é conhecida por todos nós: o platonismo de um amor idealizado. Em um faixa-a-faixa divulgado para a imprensa, a cantora revelou: “‘I already saw a thousand times, seems sweet to look, look into your eyes’ é uma visão platônica sobre o outro e sobre como o outro pode nos tirar da inércia da vida, como se buscássemos no encontro um espelho para entendermos sobre nós mesmos”.

As canções seguintes funcionam como o clímax do Manifesto. Em “Game of Lov3”, Bluebagbang conta sobre um período difícil em sua vida quando sofreu com síndrome do pânico. Contudo, a canção, que mergulha nas dores da cantora, termina com uma mensagem positiva, mostrando que “the game it’s own me”. Nós somos donos da nossa própria história. E a mensagem se mantém na próxima canção.

“Inside of You”, única amostra de algo mais eletrônico da cantora, engana quem acha que ela será menos melancólica por isso. Com a ideia apresentada anteriormente que somos donos da nossa própria história, Bluebagbang nos apresenta uma interpretação de seu mapa astral, revelando ser também dona de uma alma velha. A sabedoria que ganhou com isso se transformou em uma mensagem inspiradora: devemos abraçar quem somos e adorar esse encontro.

O clímax se aproxima do fim com “Closing Door”, que retoma o violão e a voz suave e apaixonante de Bluebagbang, contando sobre sua história com a atual namorada Gabrielle. “Ela foi na minha casa, me deu um cooler e cadeiras de praia e voltou pra casa dela a 500 km de distância e eu fiquei de portas fechadas no quarto”, ela conta no faixa-a-faixa e canta para aqueles atentos à poesia na canção.

Chegando ao final do Manifesto, Bluebagbang ousa ao escolher que a última canção do EP seja em português, indo na contramão de todas as canções anteriores. “Cida” tem o violão mais envolvente e sensível do trabalho, que em certo momento vem acompanhado de alguns elementos tradicionais da música brasileira. A canção assina o fim do Manifesto perfeitamente.

O EP ganha uma nova camada quando percebemos que o som, além de íntimo e transformador, foi feito completamente pelas mãos e voz de Bluebagbang. Além do registro, a compositora também foi responsável pela execução de todos os instrumentos, mixagem e produção das cinco faixas apresentadas no disco, que teve a masterização feita por Rodrigo Florentino.

A capa, que traz uma jovem Marina, também foi criada por ela. Ilustrada por um retrato de infância da própria compositora, a foto foi tirada na casa onde cresceu, que pertence aos seus avós. “A gente nunca teve uma vaca no quintal, então eu acho que a foto traz uma sensação inusitada e delirante, quase como um sonho e carrega também esse conceito de ser algo intimista”, completa a artista.

Leve e melancólico, o EP nos traz uma pequena e incrível amostra do trabalho de Bluebagbang, que nos deixa prontos para seguir seu manifesto, onde quer que ele nos leve.

Categorias: Descubra Notícias