Entrevista por Erica Y Roumieh e Pedro Tiepolo
O australiano Ziggy Alberts veio recentemente ao Brasil para se apresentar no Floripa Eco Festival. O músico, que transita entre os ritmos indie, folk e pop, conversou com o Mad Sound sobre a vinda ao Brasil, sua parceria com Vitor Kley na música “Rewind Dois”, como começou na carreira e mais.
Confira a entrevista na íntegra logo abaixo.
Mad Sound: Vamos começar do início. Como você se interessou por música e como soube que queria fazer disso uma carreira?
Ziggy Alberts: Foi em 2011. Eu tinha muito interesse por escrita. Escrevia muito. Tinha projetos, como jornalismo de surf. Eu tinha essa curiosidade. E então meus pais me presentearam com uma guitarra. Não foi algo que eu pedi, mas eles compraram para mim e então fiquei obcecado e comecei a tocar e escrever músicas.
E então já são 10 anos em que eu falo que vou fazer acontecer com a minha música. Eu tinha 18-19 anos e decidi fazer street music e me apresentar em cafés e bares pequenos e foi assim que tudo começou. Eu realmente estava obcecado e decidido a trabalhar duro para poder fazer esses shows. E eram shows bem pequenos. Então eu fiz isso e criei meu caminho desde shows pequenos a turnês mundiais, o que é louco.
MS: Você ainda tem o violão que seus pais te deram?
ZA: Sim, eu tenho. Esta é uma boa pergunta. Eu tenho. É um boa lembrete você ter me perguntado porque temos um escritório para a gravadora, eu criei uma gravadora com minha família, e eu gostaria de pendurar o violão no escritório. Então é isso que vou fazer. Vou fazer isso quando voltar.
MS: Ótimo. Você também escreve poesia e já lançou um livro de poesias, certo? Como é diferente para você escrever isso e músicas?
ZA: Então, acredito que a maior diferença é que música é uma expressão externa, enquanto a poesia é interna. Poesia é quando estou sentado sozinho, quieto. E as coisas vêm. A música é quando você tem algo a dizer e você senta com a sua caneta e escreve e elas tão juntas, mas a forma como elas vêm para mim é diferente. Agora eu gosto de usar a poesia no palco e fazer uma pequena apresentação com a poesia e então começo a cantar. É uma linda combinação.
MS: Quais são suas principais influências musicais e elas mudaram com o tempo?
ZA: Essa é uma boa pergunta. Minhas influências iniciais, quando criança, era Jack Johnson. Depois comecei a ouvir bastante rap. E então comecei a ouvir muito um duo australiano de hip-hop chamado Horror Show. Sou um grande fã agora. Eles são meus amigos e eu ia nos shows deles e eles me influenciaram muito com sua mensagem. Então eu descobri o artista inglês Ben Howard e ele mudou minha mente sobre o que é possível. Então sim, [minhas influências] mudaram. O que muda, eu acho, quando você fica mais velho é que você encontra combinações de diferentes artistas e então faz a sua. Você cria sua própria expressão que é única para você. Escuto diferentes músicas, é louco. E tiro inspiração de vários gêneros diferentes também.
MS: Você ainda tem estilos que quer explorar na sua música?
ZA: Uma pessoa que me inspira muito, acredite ou não, é um rapper britânico chamado Dave. Acho que ele é um dos maiores escritores da nossa geração. Ouço muito a sua estrutura e como ele entrega isso e então me inspiro para fazer algo parecido em minha própria música.
Ainda acho que posso fazer muita coisa diferente. Minhas músicas ainda estão amadurecendo e meu gosto só está sendo descoberto agora. Também tenho influências country, estou começando a ouvir aqueles artistas americanos que unem country e folk. Então sim, apesar do folk ser meu principal gênero, eu faria outra coisa. Assim como neste último álbum eu me inspirei em música latina e ritmos latinos.
MS: Falando em sons latinos, você colaborou com Vitor Kley na música “Rewind Dois”.
ZA: Ouvir falar de Vitor Kley pela minha então namorada que me mostrou a música dele. Comecei a ouvir suas músicas e adorei, as músicas em português e curtindo muito. Coloquei algumas em minha playlist.
Então estava escrevendo uma música chamada “Rewind” e vi que ela seria diferente pra mim porque tem um refrão diferente, com inspirações latinas. E então pensei “poxa, se eu pudesse colaborar com Vitor Kley”. E então não acreditei, mas fizemos a oferta e ele ficou empolgado dizendo que sim, que seria incrível. Foi uma conexão muito natural e eu acho que ele levou minha música para muitas pessoas brasileiras e fiquei muito feliz que cantamos em português e em inglês. Isso é importante para mim porque é ótimo mesclar nossas culturas através da música e fazer uma unidade disso. Para mim essa é a melhor parte.
MS: Você aborda bastante o tema de meio ambiente nas suas músicas, mas também temas pessoais como amor e relacionamentos. Esses temas estão conectados de alguma forma, na sua opinião?
ZA: Sim, estão. Porque muito dos nossos relacionamentos nós podemos ver na sociedade. Acho que quando estou procurando por algo, se algo pode funcionar, eu olho para a natureza para ver se é possível. E acredito que a forma com que estamos desconectados com a natureza, estamos, de alguma forma, desconectados de outras pessoas e de nossos relacionamentos. Então acho que eles estão juntos, e não podemos separá-los.
MS: E quais são seus planos para o próximo mês?
ZA: Depois do festival, eu volto para a Austrália. Não vou para casa em seis meses por causa da turnê, então estou animado. Sinto que estou em um caminho bom e quero continuar, quero tentar sempre fazer meu melhor. Isso pode ser na pessoa física ou jurídica. Sinto que posso fazer melhor.
Então nesses próximos meses estarei na Austrália, talvez gravar novas músicas. Vou fazer mais alguns shows na Austrália e vou ver o que consigo fazer. Acima de tudo, eu vou tentar levar mais de mim mesmo para qualquer coisa que eu fizer e se conseguir fazer isso, serei feliz.