Os shows de Marina pelo Brasil sempre parecem com reencontros entre amigos de longa data – e não foi diferente com a apresentação da cantora no Lollapalooza na última sexta-feira, 25, em uma performance carismática e de apreciação mútua. 

Apesar de ser apenas a segunda passagem da cantora pelo país, a história de Marina e os fãs brasileiros é marcada por fortes emoções: em 2016, a apresentação foi uma redenção ao compromisso cancelado de última hora na edição anterior, quando não conseguiu chegar a tempo do festival. 

Desta vez, foi o retorno aguardado depois de uma pandemia que deu o tom de reencontro, aliado ao susto de um atraso no show pela chuva que caiu repentinamente no Autódromo de Interlagos.

Com a multidão reunida em frente ao Palco Ônix já aquecida pela performance de Pabllo Vittar no palco vizinho, próximo o suficiente para assistir à performance da drag queen pelos telões, Marina entrou no palco com o caminhar confiante de uma fera selvagem e magnífica em seu habitat.

O carisma da galesa deu o tom da apresentação. Completamente confortável e cheia de sorrisos, a artista flertou com as câmeras o tempo todo, em uma maneira de se comunicar com a multidão que só poderia enxergá-la pelos telões posicionados ao lado do palco e os fãs acompanhando o show de casa. 

Sem tentar parecer a musa indiferente sobre a qual cantou em Electra Heart, ela não se importou em parar alguns instantes para respirar, nem em pedir ajuda ao público para seguir cantando enquanto tentava resolver problemas com o retorno e trocar de microfone. 

De “Ancient Dreams in a Modern Land” até “Primadonna”, primeira e últimas músicas do setlist, respectivamente, o setlist passeou pelo repertório com equilíbrio, desde o álbum de estreia The Family Jewels (2010) até o último lançamento, de 2021. 

A plateia acompanhava cada movimento e palavra de Marina hipnotizada, explodindo em gritos quando a cantora arriscou um português para falar sobre a felicidade de estar de volta. Se tornou impossível ouvir quando a cantora parou para mandar um recado político e um belo “f*da-se” para Vladimir Putin, presidente russo, e o brasilerio Jair Bolsonaro. “Vocês são a nova geração e as coisas vão mudar. Eu tenho orgulho de vocês serem meus fãs”, disse antes de cantar “To Be Human”. 

Depois de seis anos, a voz harmoniosa de Marina ecoou poderosa por São Paulo e estabeleceu a cantora como uma das atrações mais certeiras do evento, atraindo um número crescente de fãs e firmando a relação intensa com o Brasil.

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