O primeiro grande evento do terceiro dia da nossa cobertura musical no South by Southwest não era um show mas uma entrevista. Taipei Houston, o duo formado pelos irmãos Myles e Layne Ulrich (filhos do baterista do Metallica, Lars Ulrich) surgiu no nosso radar durante as pesquisas sobre os artistas se apresentando no SXSW este ano. É verdade que o que chamou minha atenção inicialmente foi o sobrenome famoso, até porque, como banda eles estão apenas começando, mas basta conferir alguns dos vídeos de apresentações ao vivo disponíveis online pra encontrar várias razões para prestar atenção na dupla.

Fomos até o Scoot Inn, um bar que fica um pouquinho fora da área mais central, onde geralmente tudo acontece no SXSW, e durante o dia, no sol que tem feito por aqui, isso pode significar uma caminhada menos que agradável, digamos. Ah, se ainda não estava claro, quem não recebe em dólar, caminha bastante por aqui. Mas apesar do suor, tudo certo. O Scoot Inn é um bar com palco em uma área aberta grande e encontramos então por lá, esperando a sua vez de passar o som, os irmãos Myles e Layne, acompanhados da empresária Carina.

Não vou entrar em detalhes agora sobre a entrevista em si porque essa conversa merece uma atenção maior. Por ora deixo apenas a impressão pra lá de positiva que os jovens músicos deixaram na gente durante a entrevista. Caras humildes, educados, com muito a dizer e que parecem mesmo saber do que estão falando. Ah, informação que pode vir a ser importante no futuro: aparentemente essa foi a primeira entrevista do duo, então se um dia eles ficarem grandões, que fique registrado aqui!

Nossa missão depois da volta do Scoot Inn era outra entrevista. Desta vez, com a rapper brasileira Bivolt, cujo show assistimos na terça-feira e sobre o qual já escrevi. Tínhamos marcado essa entrevista com ela para logo depois de seu segundo show, acontecendo ainda durante o dia, no Brush Square Park, em um evento chamado International Day Stage. Acabamos fazendo mais alguns registros dessa performance da paulista, que, montada com outro look “chave”, como ela gosta de dizer, mais uma vez colocou brasileiros e gringos pra balançar (nem sempre e nem todos no ritmo, é verdade) junto com ela.

Fizemos a pequena entrevista por lá mesmo e apesar de termos sido interrompidos algumas vezes por novos fãs que vinham dar seu oi e efusivamente elogiar a artista, conseguimos algumas palavras bem legais dela sobre toda a sua empolgação e alegria em estar participando do Festival. Antes de nos separarmos ainda tive a honra de tentar ensinar um pouco do jogo de Cornhole (pesquisem!) para a Bivolt. Pouco sucesso, visto que também não jogo lá muito bem.

Voltamos no início da noite para o Scoot Inn pra conferir a performance dos irmãos da Taipei Houston e posso dizer que, mesmo esperando já algo bom, ainda fui surpreendido positivamente. A bateria de Myles é rápida e precisa, sem ser limpa, se é que me faço entender. Layne é surpreendentemente versátil, tanto nos vocais, quanto no baixo, que por vezes ele toca muito mais como uma guitarra mesmo. O som dos dois juntos é uma paulada boa, reminiscente de algumas das suas declaradas influências, como Arctic Monkeys e White Stripes, e reverente à clássicos de outros tempos, como claramente evidenciado no cover insano da dupla para “Eleanor Rigby”.

De volta à area mais central de Austin, passamos por um lugar chamado Creek and the Cave Backyard. O show seria da escocesa K.T. Tunstall, aquela mesma do sucesso pop mundial “Suddenly I See” de 2005. É verdade que a maioria dos shows no SXSW não é de músicos já tão famosos, mas aqui e ali, alguns eventos com artistas de grande renome aparecem. Nossa curiosidade falou mais alto e mesmo já bem cansados, caímos para dentro do Creek and the Cave e nos esprememos um pouco no meio de um público que me pareceu um tantinho mais velho (não sou um jovem exatamente, então posso falar) que o público padrão que temos visto.

Sobre K.T., devo dizer, que mesmo não sendo bem um fã, preciso tirar o chapéu para a artista. Ela canta muito bem e apesar no sucesso e notoriedade que alcaçou anos atrás, ela tem no seu DNA o gene do músico de rua, que precisa entreter seu público muito rápido e o tempo todo, algo que também tem muito a ver com o SXSW e com os artistas iniciantes e as apresentações de 40 minutos do Festival.

Dá pra ver isso também muito claramente, seja na sua configuração de “one-woman-band” tocando violão, gaita-de-boca e acompanhando a si mesma com loops gravados e replicados ao longo das músicas, seja na maneira como conversa com o público entre as músicas e faz piada de si mesma, de eventuais erros na apresentação e da sua condição de alguém que alcançou o estrelato anos atrás e que está de volta ao SXSW, 16 anos depois da sua primeira apresentação por aqui.

Ufa, acho que era isso. Amanhã tem mais!