O sexteto londrinense Caburé Canela lançou no início de setembro seu segundo disco, Cabeça de Cobre, acompanhado de um mini-documentário. Sucessor do álbum de estreia, Cabra Cega, o novo trabalho foi registrado totalmente em processo analógico no estúdio ForestLab, em Petrópolis, percorrendo a encruzilhada entre o sintético e o orgânico e indagando a comunicação nos tempos modernos.

Exclusivamente para o Mad Sound, o Caburé Canela montou uma playlist especial com uma lista de sons produzidos de forma analógica que inspiraram o grupo durante o processo de composição. 

“Para escolher as músicas dessa playlist imaginamos uma linha que fosse análoga à narrativa do nosso disco Cabeça de Cobre. No disco a gente parte de uma paisagem de sonoridades mais computadorizadas, eletrônicas, e vamos terminar num ambiente totalmente acústico. É como se propuséssemos o retorno de um tempo antigo no contemporâneo,” comenta Pedro José.

“O processo de gravação analógica era hegemônico até o início da década de 1990, quando foi quase totalmente varrido pelos computadores, então a lista vai ter uma cara de pesquisa histórica também. Começamos com uma gravação de 2019 da banda londrinense Octopode – que também foi feita no ForestLab, mesmo estúdio onde gravamos o Cabeça de Cobre – e vamos voltando no tempo, até os primórdios da música eletroacústica, feita com recortes de fita magnética e osciladores eletrônicos, na peça Port au Feu (1968) de Delia Derbyshire.”

“A segunda metade da lista da foco nas sonoridades acústicas: começamos com uma das poucas gravações analógicas da atualidade – “Rastilho”, de Kiko Dinucci (2020) – e terminamos com a canção de uma das precursoras do Blues, a cantora e compositora Ma Rainey (1928), da época que as gravações eram feitas a partir de um único microfone captando a banda toda, o sinal elétrico enviado pelo microfone fazia vibrar a agulha que imprimia o som direto no disco.”

“Para nós o grande lance de gravar em analógico teve menor a ver com um preciosismo técnico e mais com essa viagem no tempo que é entrar pra gravar num estúdio como o do Lisciel [Franco, produtor do Cabeça de Cobre]. O processo é a grande magia do negócio. Como não tem computador pra “consertar” depois, o som tem que ser feito na hora, de um jeito que nunca mais vai se repetir. O calor desse momento fica impresso na fita, e você vai sentir o peso que vêm da banda tocando junta, seja no vinil, ou na plataforma digital. A proposta de ir pro analógico não é um anseio tecnológico, mas sim um apelo pra voltarmos pra roda, pros encontros reais, voltarmos a nos impactar pelos processos coletivos.”

Ouça a playlist logo abaixo via Spotify e clique aqui para ouvir pelo Deezer!

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