“Para ser um grande baterista, você tem que trabalhar duro, praticar e ouvir para conseguir trazer coisas inovadoras à música. É mais do que só acompanhar a batida.” Este é o valioso conselho de Carl Palmer, eternizado como uma figura lendária após comandar as baquetas do trio britânico de rock progressivo Emerson, Lake & Palmer pela década de existência contínua da banda.

Aos 68 anos, Palmer olha para um passado agitado na música — com passagens por bandas como The Crazy World of Arthur Brown, Atomic Rooster e Asia –, que compete com a energia que ainda leva para os palcos. Neste mês, o artista retorna ao Brasil com a turnê Emerson, Lake & Palmer Lives On!, uma homenagem aos finados colegas de banda Keith Emerson e Greg Lake (veja o serviço no fim da reportagem).

Em entrevista exclusiva ao Mad Sound, o baterista falou sobre as surpresas do novo show, o envolvimento com as artes visuais e sobre as inspirações que permearam o início de carreira, ainda nos anos 1960. Leia a conversa com Palmer na íntegra, logo abaixo.

 
Mad Sound: Você está animado para voltar ao Brasil?
Carl Palmer: Claro! O Brasil tem sido um ótimo país para a minha música e para a história do Emerson, Lake & Palmer. Ele é um dos países que melhor aprendeu a abraçar o rock progressivo. Será uma turnê incrível com ótimas músicas.

MD: O que você mais quer mostrar aos seus fãs nesta nova turnê?
CP: Este é um show completamente novo, se comparado à última vez em que estivemos no Brasil. Alguns dos hits favoritos ainda estarão no setlist, como “Welcome Back My Friends”, “Hoedown” e “Fanfare for the Common Man”, mas nessa turnê tocamos o Tarkus [2º disco de estúdio do Emerson, Lake & Palmer, de 1971] na íntegra. Também temos um projeto de vídeo muito envolvente que passa durante a apresentação.

MD: Este projeto de vídeo envolve os seus novos trabalhos visuais, certo? Pelo que eu li, são imagens que foram construídas a partir da captura do ritmo e que foram dedicadas a Keith Emerson, Greg Lake e John Wetton, do Asia, todos ex-colegas de banda. Como você decidiu que começaria a trabalhar com artes visuais?
CP: Eu me envolvi com a criação de artes visuais combinando fotografia, o uso de luzes e a minha bateria. É muito único, algo com que trabalho desde 1973. Estou envolvido com uma empresa chamada Scene Four, e juntos criamos mais de 30 imagens que são canvas de edição limitada, assinados por mim. Eu tenho uma série chamada My Legends, que tem trabalhos dedicados ao Keith, ao Greg e ao John Wetton. [Você pode ver todos os trabalhos no site Carl Palmer Art.]

MD: E como foi o processo criativo dessas imagens? Muito diferente de quando você cria música?
CP: Bom, ele envolveu música, e é isso que é estranho. Eu toco bateria em um quarto escuro com baquetas que tem luzes de LED nas pontas. Cada vez que a baqueta toca a bateria, as cores mudam. Eles me fotografam de 400 a 500 vezes, e de todo esse material, escolhemos apenas uma imagem. É realmente um casamento entre a música, as artes visuais e a tecnologia.

MD: Eu li que na sua carreira, você foi inspirado pelo filme The Gene Krupa Story (Drum Crazy). Quando fiquei sabendo desse fato, imediatamente pensei em outro filme, Whiplash. Você já o assistiu? Se relaciona com a história?
CP: Sim, assisti. Foi interessante, mas eu não acho que aquilo realmente aconteça nas escolas de música. É um filme divertido, mas pouco realístico. A única coisa com que me relaciono no filme é a maneira como ele lida com a dedicação.

Para ser um grande baterista, você tem que trabalhar duro, praticar e ouvir para conseguir trazer coisas inovadoras à música. É mais do que só acompanhar a batida. E o filme mostra um pouco disso.

MD: Então, para ser um músico extraordinário, é necessário ultrapassar as barreiras daquilo que é esperado?
CP: Com o Emerson, Lake & Palmer, nós sempre fomos além do que era esperado. Nunca utilizamos o caminho mais fácil. Nós só pensávamos sobre música. Não brigamos por dinheiro ou por ego. Era sempre sobre alcançar coisas maiores ao fazer músicas ainda melhores. No fim, acho que valeu a pena.

Emerson, Lake & Palmer Lives On! no Brasil
São Paulo
Data: 24 de maio de 2018, quinta-feira
Local: Espaço das Américas – Rua Tagipuru, 795 – Barra Funda
Abertura da casa: 20h30
Início do show: 22h30
Ingressos: entre R$ 160 e R$ 380, com opções de meia-entrada. Ingressos pela Ticket 360.

Rio de Janeiro
Data: 25 de maio de 2018, sexta-feira
Local: Vivo Rio – Av. Infante Dom Henrique, 85 – Parque do Flamengo
Abertura da casa: 20h
Início do show: 22h
Ingressos: entre R$ 180 e R$ 320. Ingressos pela Eventim.

Niterói
Data: 26 de maio de 2018, sábado
Local: Teatro Municipal de Niterói – Rua Quinze de Novembro, 35 – Centro
Início do show: 20h
Ingressos: entre R$ 250 e R$ 300, com opções de meia-entrada. Ingressos pela Ingresso Rápido.