Quinta-feira, 19 de setembro, Rio de Janeiro. Esse foi o dia do meio do Rock in Rio, edição de 40 anos. Isso quer dizer que rolaram três dias de shows e muita curtição antes dessa quinta e ainda vão rolar outros três dias depois.
Se você é novo por aqui – e, com por aqui eu estou me referindo ao universo nem tão vasto assim das minhas resenhas críticas de grandes festivais -, fica o aviso: este texto não vai te dar uma ideia completa de como foi o dia do meio. Até porque qualquer resumo dessas coisas é fatalmente superficial e invariavelmente elogioso, independente do que o povo estava vendo por ali de verdade.
Além disso, em um festival do tamanho do Rock in Rio, a máxima de que “toda escolha é uma renúncia” faz sentido demais e é claro que o “design” da experiência do festival que uma pessoa aleatória pensou, tem poucas chances de ser igual ao design de outra pessoa aleatória. Esse é o MEU design.
O sol não deu muito as caras ontem, o que foi providencial e evitou a necessidade de se lambuzar de protetor solar, como aconteceu em 2022. Ponto para 2024. Depois de um tempinho morto no trânsito de Ipanema onde ficamos hospedados, até a Barra, chegamos na Cidade do Rock no meio da tarde, quando Pedro Sampaio fazia lá suas coisas de DJ, e aproveitamos para dar uma observada geral. Tudo parece ainda maior e mais elaborado do que em 2022, ainda que sempre com aquele inevitável sabor de parque temático e uma cara meio de “produtos Rede Globo”.
O primeiro grande show que acompanhamos foi o de Jão, que se consagrou como uma das atrações nacionais de peso do festival, chegando ao palco principal pela primeira vez e levando mais de uma centena de fãs com ele ao palco em si, em um cenário todo retrô e cor-de-rosa.
A seguir, nossa equipe de duas pessoas se perdeu tentando encontrar a Global Village, onde se apresentava o interessantíssimo grupo de São Paulo, Bixiga 70 e só deu pra ver um pedacinho do show deles bem de longe. Parece que estava bom demais mas em nome da sinceridade, por não ter realmente visto um pouco mais, essa eu considerei a grande perda do dia.
O show de Joss Stone, no Palco Mundo, o palco principal do festival, foi o que mais rendeu por assim dizer, na nossa experiência. Carismática demais e muito desenvolta no palco e no meio da galera.
Aliás, voltando ao ponto do rendimento desse show, a descida da artista para encontrar o povo no corredor que fica em frente ao palco, se transformou em um momento de glória inusitado para o fotógrafo da nossa equipe, que ficou colado na ação, enquanto Joss Stone interagia de perto com os fãs e acabou se transformando em um coadjuvante com um substancial tempo de tela na transmissão da globo.
A parte negativa, por assim dizer, do show da Joss Stone, foi que ele começava no exato momento de outro show que queríamos conferir. O dos veteranos do Fundo de Quintal. Tivemos que sair meio correndo do Palco Mundo, para acompanhar um trecho da apresentação do Fundo de Quintal, todos de branquinho, em frente à cenografia colorida do Palco Favela. Um clássico do samba e pagode brasileiro e vimos um trechinho só. Meu design de apreciação do festival não é dos mais perfeitos, eu sei.
A dita participação especial de Will Smith no Palco Sunset deu pra ver inteira, porque foi uma espécie de pocket show que não durou mais de meia hora, mas não dá pra evitar de se sentir um pouco nostálgico vendo Will Smith de pertinho cantando “Men In Black” e “Gettin’ Jiggy Wit It”, mas também bate uma certa deprê, porque parece que o outrora super, mega, hyper, master blaster star, está tentando voltar a ter alguma relevância musical mas definitivamente ainda não pegou o jeito. E não digo isso porque era só um pocket show no palco secundário, com “apenas” 10 dançarinas, umas projeções de vídeo e um pouco de fogo, mas especialmente porque apesar de se esforçar, com rima em português e balançar da bandeira do Brasil, ele parecia meio fora do seu elemento.
De qualquer forma, esse acabou sendo memorável para a nossa equipe, tanto pela nostalgia – ainda que a falta do tema de Um Maluco no Pedaço tenha sido imperdoável.
Ainda pegamos de pertinho o show de Gloria Groove, que aconteceu no mesmo palco, logo depois. Show rápido, dinâmico, cheio das coreografias. Muita bateção de leque no meio da galera, o que na verdade ajudou a refrescar um pouco, pois com o povo todo que havia se apertado por ali a essa altura a temperatura também começou a ficar menos que agradável.
E, por último, antes de sair fora da Cidade do Rock deu pra ver o exército de um homem só, headliner do dia, Ed Sheeran, emocionando uma galera com seu violão e voz doce. Admiro, especialmente no quesito “faz muito com pouco”. As pessoas tem que gostar demais da música, porque com menos artifícios visuais que os já poucos do pocket show do Will Smith, o homem segurou milhares de pessoas cantando bem depois da meia noite. Bom, esse foi o primeiro dos nossos dois dias de cobertura in loco no Rock in Rio 2024, a edição de 40 anos. Depois de sábado teremos mais para contar!