O Rock in Rio está quase aí e estamos ansiosos, então, enquanto não chega a hora de estarmos conferindo ao vivo o que esta edição, que marca os 40 anos do festival, vai trazer, vamos revisitar um pouquinho da nossa experiência de 2022, cobrindo os três dias do evento, e falar de algumas das atrações que podem fazer de 2024 uma edição memorável. 

Na edição de dois anos atrás, nosso time de duas pessoas esteve presente como enviados especiais do Wikimetal e Mad Sound nos dias dedicados ao metal, rock e pop punk. Só nessa divisão já dá pra notar uma diferença bem marcante em relação à edição de 40 anos, pois dessa vez não teremos, por exemplo, um dia dedicado ao metal e, na verdade a lógica toda da divisão das atrações por dias temáticos está um pouco diferente.

Desta vez, os únicos dias com apelidos especiais são o Dia do Rock, o Dia Delas e o Dia Brasil, o que aponta um direcionamento ainda um pouco maior para uma identidade mais voltada à união das diferentes tribos e ritmos, em  detrimento de uma solidificação em torno de “todas as coisas Rock”, por assim dizer. 

Eu sei que a conversa de que, apesar do nome, o Rock in Rio não é e nunca foi um festival só de rock, é antiga e batida demais. Mas comparando a cobertura que fizemos em 2022, na primeira edição pós-pandemia do festival, quando todo mundo estava sedento demais por uma  aglomeração, é inevitável lembrar que a impressão que tive de que a cidade toda se transformava durante o Festival e tudo ficava mais “Rock”, pode não se repetir e o que devemos  observar é algum outro tipo de fenômeno social, ainda por ser devidamente identificado e  catalogado.  

Na edição anterior, o dito Dia do Metal começou bem demais, com cenas icônicas, como quando o vocalista e guitarrista Charles Gama do Black Pantera foi pro meio do povo e voltou surfando nos braços dele, de volta para o palco. O Black Pantera estará de volta este ano, o que  já conta alguns pontos positivos ao meu ver. 

O “Dia Delas”, que vai ser no dia 20 de setembro, não é uma novidade em si mas o lineup formado apenas por mulheres está de respeito, com, nada menos que Katy Perry, Karol G, Cindy Lauper, Gloria Gaynor, Iza e Ivete Sangalo dentre outras potências femininas.

Na comparação com a última edição, que também tinha seu “Dia Delas” (com Dua Lipa e Megan Thee Stallion,  entre outras), casualmente, ou não, uma das minhas poucas críticas especificamente ao agora finado “Dia do Metal”, era em relação à ter visto pouca presença feminina nos palcos,

Muito embora, sendo bem justo, uma pequena parte dessa culpa tenha sido minha mesmo pois um dos shows que eu queria ter visto na ocasião e não consegui por um conflito de horários foi  justamente o da banda de death metal, Crypta, de São Paulo, formada só por mulheres. Caso os Deuses do Rock me concedam a graça da cobertura do Rock in Rio 2024 pretendo corrigir essa gafe, pois a Crypta estará de volta, mas tocando no dia 15, o único desta edição dedicado  especificamente ao Rock.  

Tivemos também em 2022 nossa dose do que podemos chamar de shows nostálgicos, aqueles onde mesmo que os artistas não estejam, digamos, no auge da sua forma, ainda representam e fazem correr lágrimas furtivas aqui e ali pra muita gente. Este posto da nostalgia, que foi naquele ano de Guns N’ Roses e Billy Idol talvez fique desta vez com Cindy Lauper, Deep Purple Journey. Será? 

Vai ser dureza também para a Avenged Sevenfold ou para a Evanescence desta vez fazer um showzaço do nível dos shows de Green Day e Måneskin em 2022 mas tudo é possível e fazemos votos, em nome da chama Rock que ainda existe no festival, apesar da sua identidade mais e mais eclética, que ambos façam shows históricos.

Da mesma forma espero que a edição de 2024  seja cheia de momentos tão absurdamente dignos de nota quanto o que vimos em 2022 em alguns shows, como o de Sepultura com a Orquestra Sinfônica Brasileira, Francisco El HombreAlceu Valença, Jessie J e Ratos de Porão. A responsabilidade este ano de gerar alguns momentos históricos e icônicos vai estar com nomes como Ed Sheeran, Joss Stone, Shawn  Mendes e Mariah Carey.  

O Dia Brasil, a maior novidade deste ano, no dia 21 de setembro, é o que talvez mais represente esse ecletismo e a valorização da identidade nacional do festival. Um dia completamente dedicado às atrações brasileiras agrupadas em shows divididos por estilos musicais e chamados  de “Pra sempre MPB”, “Pra Sempre Sertanejo”, “Pra Sempre Trap” e por aí vai.

Não sei bem como vai ser isso e me preocupa um pouco esse tanto de artistas dividindo o palco em  relativamente pouco tempo, mas pode dar muito certo e ser uma maneira do público ter a chance de assistir em um mesmo dia a vários de seus ídolos, além da oportunidade de ver colaborações únicas ao vivo de artistas com carreiras das mais distintas.

Pudemos experimentar um pouco disto no palco Sunset em 2022 no show “1985: Uma Homenagem” que promoveu várias  colaborações, entre artistas presentes na primeira edição do Rock in Rio e artistas de projeção  nacional da atualidade, como foi o caso de Ivan Lins cantando com Xamã e Andreas Kisser  tocando com Luísa Sonza, por exemplo. São muitos e grandes os nomes que estarão neste dia  Brasil. De Chitãozinho e Xororó a Carlinhos Brown. De Lulu Santos a Zeca Pagodinho. De Capital  Inicial a Criolo

Por fim, além de observações à respeito da música e das bandas em si, o que mais posso dizer? Algo que gostaria de ver este ano: telões maiores. Com toda a tecnologia e inovação do Rock in  Rio já era pra termos uns telões de respeito para aquele povo que não quer ou nem pode se  espremer lá na frente do palco.

O que acho que não veremos: manifestações políticas tão claras  por parte do público, que às vésperas das eleições presidenciais em 2022 foi registrado por  árias vezes entoando “Bolsonaro, vai tomar no c*!”, afinal o momento político é outro e o foco  mudou ligeiramente. 

Ademais a ansiedade segue crescendo e esperamos que nossas expectativas sejam superadas e  que as surpresas boas sejam em número muito maior que as negativas! Que venha o Rock in Rio 40 anos!

Retrospectiva Rock in Rio 2022

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