Há um ano, o mundo parece oscilar rapidamente entre um ruído insuportável e absoluto, para o vazio em um segundo. Tal mudança, que permanece ocorrendo na velocidade da luz, mudou um mundo que um dia conhecemos e transformou paixões, sonhos e medos para sempre.

Para o paulistano Eduardo Praça, o Apeles, o processo de reconhecimento de uma nova realidade começou com um retorno repentino de Berlim para o Brasil, e a arte como companheira inseparável do que se tornou o isolamento de seu verdadeiro amor: os palcos. Com isso, tendo em mente como a arte já se apresentava como uma ferramenta chave para sua motivação dentro de casa, decidiu compartilhar com os fãs uma lista de conteúdos diversos que estava gostando, a fim de criar uma troca através da arte, semelhante, pelo menos um pouco, com a um dia trocada no palco. “É bem gratificante as pessoas que vem me falar o que acharam, você vê a arte girando e evoluindo, e as pessoas aprendendo com isso”, conta Apeles em entrevista ao Mad Sound. “Para mim está sendo mais motivador do que todas as outras coisas.”

No começo do isolamento, uma opção altamente acatada pela indústria da música foram as lives, e com exceção de sua apresentação ao lado de Jup do Bairro para o Balaclava Digital, que aconteceu em formato de session, em que os artistas tiveram a oportunidade de se encontrar fisicamente para juntar jornadas e musicalidades, Apeles afirma ter encontrado estranhamento no formato da performance direto de casa. “Tocar com um celular, sem olhar no fundo do show e você vê alguém que tá de olho fechado, ou chorando, ou um casal que tá se beijando pela primeira vez… é muito estranho você fazer música sem esse espectro social.”

Foram dessas fases, que contaram com um grande processo criativo nos primeiros meses de quarentena, e de insatisfações a partir de bases musicais criadas ano passado, que nasceu “Eu Tenho Medo Do Silêncio”. Uma canção ainda com a marca Apeles, harmoniosa e fluída, mas que encontra desafios bem recebidos pelo artista através de diversas texturas sonoras que parecem, na prática, afastar o seu maior medo: ficar sem sem cantar, exercer sua profissão, fazer o que mais ama.

Para transformar seu maior medo em visuais, é preciso coragem, e para isso, como poderia dizer todas as vós pelo Brasil, “quem dança os males espanta”. Foi quando os passos da dançarina e amiga de Apeles, Caroline Zitto, encontraram os do artista, e a direção do duo Cinza, que deu norte à uma jornada que antes parecia ser sem saída.

Apesar das incertezas e medos que rondam, Apeles prepara com calma novas músicas para um novo EP, com lançamento previsto para abril ou maio. Um projeto que, apesar da solidão dos tempos atuais, traz diversas colaborações, ainda guardadas à sete chaves. E enquanto os tempos não mudam, o artista garante ao público que irá permanecer o mesmo, se doando e dedicando à sua arte, como não poderia ser diferente.

Confira abaixo “Eu Tenho Medo Do Silêncio”, por Apeles.