Sabe quando você lembra de alguém para sempre? Me recordo de ver Jadsa pela primeira vez em um show com Giovani Cidreira em 2019, tocando em sua banda, e sendo apresentada e enaltecida pelo amigo, que afirmou que a artista era uma verdadeira estrela. De fato, mesmo que Cidreira não tivesse declarado seu voto pela companheira, todo o cômodo já sabia que Jadsa carregava algo diferente.

Esse tal “quê” diferente talvez fosse a habilidade com as cordas, a presença de palco ou até a ginga da artista. Mas com o lançamento do primeiro disco cheio de Jadsa, Olho de Vidro, lançado na última sexta-feira, 26, via Balaclava Records, sucedendo o EP TAXIDERMIA Vol. 1 (2020), foi comprovado de que se tratava da fusão de tudo isso e muito mais do que a imaginação e os ouvidos poderiam imaginar e ouvir.

Mergulhar em Olho de Vidro não é brincadeira, e com isso, a primeira faixa, não poderia ter um título mais apropriado, sendo batizada de “Mergulho”. Desde o começo, os sons ricos e vividos, os diversos vocais e cenários pintados pela composição dinâmica de Jadsa te fazem entrar em universo permeado por referências que vão desde o rock (que conta na primeira parte com um baixo hipnotizante e uma bateria que faz a gente ter saudade de sentir o impacto de seu som ao vivo, tudo assinado pela POWER 7, banda que acompanhou e arranjou o disco junto com Jadsa), reggae, MPB, e pop, e trazem como inspirações desde Itamar Assumpção, Gal Costa, Caetano Veloso, Cássia Eller, e tantos outros. Ao mesmo tempo que referencia tanto, o projeto traz uma natureza inédita, embalando o ouvinte em um universo próprio de Jadsa, de suas histórias como uma artista nata e apaixonada por música de todas as suas vertentes vindas do Brasil e do mundo afora, tanto quanto do passado, presente, e até do futuro, porque não?

“A direção desse projeto inteiro até a arte, ilustração, e tudo, veio conceituado na minha cabeça, e eu passei para as pessoas já conceituado, esperando também uma reação, uma reflexão delas dentro desse disco. Então todas as pessoas que eu chamei para convidar para esse projeto, elas influenciaram de alguma maneira o disco”, conta para o Mad Sound a artista, que tem Ana Frango Elétrico, Kiko Dinucci, Luiza Lian, como colaborações, além de referenciar nomes como ÀTTØØXXÁ e Ava Rocha, na ótima “Mangostão”. “Amarrar tudo no final é a grande sacada, eu gosto bastante. Uso referências, vou citando nomes, vou falando de onde eu vim, pra onde eu vou, quem eu conheci, quem que eu quero conhecer, quem mora dentro, quem tá fora. Eu vou tentando amarrar isso pra mim, e quando eu amarro isso pra mim, quando eu jogo pra você já foi! A direção do disco é a conversa, é o papo reto, é a notícia!”

Com a felicidade e expectativa da reação sobre o projeto, que parece não poder estar mais encantado com o resultado do disco (com razão), Jadsa avisa: “Menino, eu só comecei!”, e compartilha os próximos passos de Olho de Vidro que irão se concentrar em obras visuais, e na elaboração e, por enquanto, imaginação, dos futuros shows do disco. “Vou trabalhar com artistas incríveis junto pra gente criar uma experiência audiovisual pra vocês além do som. Eu não me contato só de vocês olharem o som, quero que vocês vejam tudo!”

“O que eu mais quero do disco é que ele seja real, e que tenha bastante movimentação no palco mesmo, o que a gente já tem, eu e minha banda. Quero que a gente sue bastante, a gente dança bastante, a gente canta bastante, chamando e liberando muita energia. Eu espero que os shows do Olho de Vidro é que ele traga algo que seja fiel as gravações dele, mas que ele tá sendo pensado pra ser totalmente diferente do disco, e ele sempre foi pensado assim. Cada show é um show, o disco é o disco, e os dois se completam, se complementam”, ela revela as visões das apresentações que são permeadas em cores primárias com destaque para as tonalidades da capa do projeto: vermelha, roxa, e também o preto e branco.

Por fim, a artista de 26 anos acerta suas expectativas com o público sobre os próximos capítulos de uma jornada que já começou criando ondas no cenário musical brasileiro, e declara: “Espere comunicação, espere muita presença que eu estou junto, horizontalidade, sempre… e boa música!”

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