Johnny Hooker retornou aos palcos de São Paulo para o lançamento do álbum Ørgia, terceiro da carreira, no último sábado, 13, com o show mais pop e produzido da carreira na casa Natura Musical.

A relação íntima do músico com São Paulo, cidade escolhida pelo pernambucano para morar há anos, se revelou intensa desde o início do show, às 22h30, com o anúncio do início do espetáculo ao som da intro “A Cidade do Desejo”, com trechos da obra Orgia. Os Diários de Tulio Carella, que inspiram o novo álbum. 

Pela primeira vez com uma trupe estendida de dois dançarinos em turnê, o cantor e compositor desenvolve uma faceta nunca antes explorada da persona artística com o garoto de programa no show Estandarte, levando a estética fetichista e de cabaret do visual do projeto ao palco nos figurinos de couro e meia arrastão e no pole dance.

Com a recepção ensurdecedora da plateia, com a casa lotada e ingressos esgotados, Johnny Hooker iniciou a apresentação ostentando uma produção completa, com luzes e coreografias intensas na sequência de “Amante de Aluguel”, “Alma Sebosa” e “Corpo Fechado”, muitas vezes deixando o microfone de lado para seguir com o show de forma mais coreografada em “Nhac” e “Nos Braços de Um Estranho”, quando finalmente cumprimentou o público para dizer que estava “feliz pra caralho” naquela noite.

LEIA TAMBÉM: Jup do Bairro leva fúria e beleza ao Lollapalooza Brasil em show político e desafiador

Adorado como a diva pop subversiva que encarna, sob gritos constantes de “lindo” e “gostoso” do público, exigindo que os coros de “Johnny, Johnny” se tornem mais alto para se alimentar da energia da plateia, o cantor é dono de um magnetismo que ofusca os dançarinos e abre questionamento para a presença constante dos acompanhantes no primeiro ato do show, apesar do talento inegável dos artistas recrutados para a função de dar vida aos cenários cantados em Ørgia.

E como um show de Johnny Hooker sem declarações políticas não seria completo, não demorou para a plateia puxar o primeiro “Olê, olê, olê, olê! Lula, Lula” logo após “Cuba”, manifestação apoiada pelo artista, que mais tarde lembrou aos fãs sobre a proximidade das eleições e da importância de “pôr um fim nesse pesadelo”, lembrando dos tempos em que o país teve Gilberto Gil no Ministério da Educação. 

Passado o primeiro momento de tantas novidades em cena, aos poucos a presença de Johnny Hooker parecia se tornar mais acessível ao público com conversas e o cantor rindo dos elogios calorosos de um fã especialmente animado na primeira fileira, equilibrando a visceralidade das outras turnês ao sonho pop do novo álbum com maior naturalidade, como na potente apresentação de “Volta”.

LEIA TAMBÉM: 10 músicas sobre relacionamento abusivo: Paramore, Halsey e mais

O setlist de 21 músicas mostrou a boa recepção do público ao novo álbum e equilibrou bem os três trabalhos do cantor, com espaço para “Beija-Flor”, versão de Timbalada, e “La Isla Bonita”, de Madonna, singles como “Escolheu a Pessoa Errada para Humilhar” e a relíquia “Me Leva”, ao melhor estilo de Cássia Eller, faixa do álbum Roquestar (2010), lançado com o nome de Johnny & The Hookers, cantada para homenagear amigos próximos presentes no show. 

Quando está sozinho no palco para músicas no violão, Hooker mostra como é capaz de levar a plateia para onde quiser: apesar de toda produção ser bem vinda, especialmente de um artista independente, o público embarcaria em qualquer proposta dele, seja para cantar “Amor Marginal” a plenos pulmões e com a guitarra alta ou para escutar “Me Leva” em quase absoluto silêncio. 

No fechamento do show, com destaque para a banda afinadíssima, todo o poder das novas composições do disco foi explorado mais uma vez com a sequência de “NSRA Das Encruzilhadas”, a poderosa “Te Desafio A Me Amar” e o grito de guerra e resistência “Estandarte”, que dá o tom da carreira de Hooker: é sobre liberdade para ser, viver e sonhar sem medo, como “Flutua” resume bem ao finalizar o show.

Setlist – Johnny Hooker: Turnê Estandarte

Amante De Aluguel
Alma Sebosa
Corpo Fechado
Nhac
Nos Bracos De Um Estranho
La Isla Bonita
Cuba
Caetano Veloso
Só Pra Ser Seu Homem
Maré
Me Leva
Larga Esse Boy
Volta
Amor Marginal
Abrigo
Escolhei A Pessoa Para Humilhar
NSRA Das Encruzilhadas
Te Desafio A Me Amar
Estandarte
Beija Flor
Flutua


LEIA TAMBÉM:Bemti mostra que o futuro é ‘Logo Ali’ em mergulho poético e visceral pelo anoitecer da vida

Categorias: Notícias Resenhas