Elas estão de volta: LOONA retorna aos palcos com “PTT (Paint The Town)”, a title track do quarto mini álbum do grupo, [&] ‘[AND]’. Agora com Haseul, que havia se ausentado por quase 18 meses, o ciclo se completa com sete músicas inéditas, nas quais as garotas do mês mudam de direção e decidem, como sempre, inovar.

Durante 2020, o grupo passou por dificuldades internas, como problemas administrativos na empresa, a falta de um diretor de criação, com uma integrante a menos se tratando por ansiedade. Contudo, o esforço não passou batido. Recordes foram alcançados, como a aparição das meninas na lista da Billboard 200, no 112º lugar, pela primeira vez. E ainda, o tremendo sucesso de “Star”, faixa em inglês do grupo, nas rádios dos Estados Unidos, ficando no 40º lugar da Mediabase US Pop Radio, alcançando uma audiência de 1,35 milhões. 

Nos dois últimos álbuns, a direção musical foi feita por um dos grandes nomes da indústria, o fundador e CEO da SM Entertainment, Lee SooMan. Agora, em 2021, a direção volta para as mãos da empresa de LOONA, a BlockBerry Creative. A companhia incumbiu o produtor Ryan S. Jhun, orbit (nome do fandom) declarado, de compor, escrever e mixar o álbum novo.

Jhun, que fez centenas de hits do K-pop (“Lucifer”, “Dumb Dumb”, “Kick It”, “Dun Dun Dance”), admitiu ter estudado a história do LOONAVERSE, e em “PTT”, fica muito claro como ele conseguiu integrar a personalidade do grupo nas letras. 

A canção é um clássico do K-pop da nova geração. O batidão militar, estilo de assinatura de grupos como Blackpink e Everglow, foi misturado com inspirações bollywoodianas, trazendo nada mais nada menos do que um novo ângulo para LOONA e até mesmo para o que tem sido feito nos últimos anos por grupos femininos. 

O início da música não deixa dúvidas sobre o que está sendo apresentado. Ela é feita para te deixar confuso, a princípio. Mas a partir do momento do final do primeiro verso, o build up começa e a batida acelera. Não tanto quanto “So What”, que acelera e não volta. E ainda assim, ao alcançar o refrão, a rapidez cai e não explode. Anticlimático, mas feito sob medida: o intuito é te fazer prestar atenção no que está acontecendo ali. 

Muitas músicas de LOONA podem ser consideradas “bagunçadas”, sem uma estrutura típica. “PTT” não te dá a oportunidade de pensar isso. Com uma ponte feita por Kim Lip, já pela terceira title seguida, a canção te dá a mão em meio ao labirinto estrutural de uma produção de K-pop clássica, que é nada menos do que os fãs de LOONA esperavam com Ryan S. Jhun na produção.

Seguido para as outras faixas, “Wow” parece ter saído do projeto pré-debut, lá em 2017. Cheia de harmonias com as doze vozes, uma alegria eufórica e que lembra “Vivid”, a faixa solo da primeira menina apresentada, HeeJin. Até aqui, LOONA não tirou o pé do acelerador e seguiu animadamente, homenageando suas origens e dando aos fãs um pouco do que eles sentiam falta.

“Be Honest” começa de forma interessante: o som de fundo é alguém entrando num carro e dando partida. O leve toque de retrô, feito de forma refrescante, lembra produções antigas de Jhun feitas para o grupo feminino Red Velvet. Não necessariamente uma específica, mas o sentimento geral de algo doce e leve, comum entre grupos femininos da SM Ent. 

Agora, a segunda canção totalmente em inglês de LOONA: “Dance On My Own”. JinSoul, uma das integrantes do grupo, falou pouco antes da estreia do novo álbum que queria cantar uma música R&B. Apesar de “Dance On My Own” não chegar totalmente lá, dá para tirar alguma satisfação disso, ainda mais por ser uma canção que vai ser focada no mercado ocidental. Ela é simples, tem uma lembrança de trap e ainda tem letras que abraçam o amor próprio e saúde mental. Por ser uma canção mais lenta e melódica, há um pouco de resistência em pensar que haverá o mesmo impacto de “Star” nas rádios dos Estados Unidos, mas ainda é cedo para dizer. 

Como já foi mencionado em outros textos sobre K-pop nesse site, existe um fenômeno comum e esperado em álbuns: a balada obrigatória. Lenta, sentimental, às vezes nostálgica, às vezes dolorida, o público coreano ama a balada obrigatória. Elas geralmente caem na relação de amor e ódio dos fãs, mas LOONA carrega suas baladas com uma qualidade impecável. Em & não é diferente. “A Different Night” simula a atmosfera de fim de show, depois que as integrantes já fizeram seus pronunciamentos finais. 

A última faixa do álbum, “U R”, é a demonstração perfeita que LOONA pode fazer qualquer tipo de música e dar certo. A canção é iniciada por Go Won, com seu tom inconfundível. Promovida como lo-fi, ela é isso mesmo. Devagar, as vozes ajustando a sensação de nostalgia, como se ela tivesse sido feita anos antes e recriada para um segundo lançamento. 

Ainda mais, a letra é como uma carta de amor, totalmente poética, utilizando todo tipo de corpo celestial como metáfora. O liricista principal é Chansline, a mesma pessoa que produziu e escreveu “One Of These Nights”, de Red Velvet, uma das maiores e mais famosas músicas tristes de grupos idol

Por fim, o disco termina com a sensação de estar com o coração quentinho, relaxado e com a sensação de ter passado por uma experiência explosiva para a melancolia etérea em poucos segundos. Como sempre, LOONA se apresenta como um grupo que faz álbuns redondos e completos. As faixas, cuidadosamente curadas, saciam qualquer fã faminto por só ter ganhado comeback de LOONA no final de junho. Mas as meninas logo avisaram que voltam logo: a estreia japonesa vem em setembro. Então, orbits que se cuidem.

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