Se você chegou até aqui, lembra que contamos como a redemocratização da Coréia possibilitou o surgimento do K-pop. Lembra, também, como são formados os grupos Idols e todas as controvérsias que os cercam…

Acontece que, antes de finalizarmos o especial sobre K-pop, o grupo BTS anunciou suas merecidas férias prolongadas. Nada mais justo então, que a terceira e última parte do especial foque justamente no mais famoso grupo do K-pop atual.

Bom, vamos lá. Se tem um nome por trás do BTS, este é Bang Si-hyuk, o homem que formou a produtora Big Hit Entertainment. Como dono de estúdio, ele confessou uma insegurança com seu trabalho e disse admirar os cantores que conseguiam expressar suas personalidades na música. Essa combinação de ideias – a honestidade musical e a expressão de ansiedades particulares – tornaria-se um elemento crucial do BTS.

O nome original do grupo era Bulletproof Boy Scouts. Bang queria que “Bulletproof” (à prova de balas) representasse a dureza e a capacidade dos jovens de aguentar as pressões do mundo. Ele queria que a banda fosse sincera e genuína. Não Idols imaculados produzidos em estúdio, mas garotos reais que compartilhavam suas personalidades e talentos autênticos com o mundo.

Como devem lembrar, essa ideia se afasta do objetivo inicial dos grupos Idols: serem espaços em branco onde os fãs pudessem espelhar suas fantasias. Bang queria que o público se relacionasse justamente com as personalidades reais dos membros do BTS.

Em entrevista para a revista Time, em 2017, o líder RM descreveu bem essa mudança de paradigma. “Nós nos juntamos com um sonho em comum de escrever, dançar e produzir músicas que refletem nossa bagagem, assim como nossos valores de aceitação, vulnerabilidade e de sucesso”.

O portal Vox listou seis parâmetros que mostram como o BTS se distancia das outras bandas. Eles frequentemente escrevem as próprias músicas e letras; as letras são socialmente conscientes, especialmente descrevendo as pressões sofridas pelos jovens coreanos; eles criaram e cuidam da maioria de suas aparições nas redes sociais; eles não possuem “contratos escravos”, nem lidam com as restrições que outros grupos se submetem; eles focam em álbuns inteiros em vez de singles separados; e falam abertamente sobre as lutas e ansiedades da carreira, em vez de se apresentarem em uma imagem polida o tempo todo.

Essa estratégia confessional teve ótimos resultados, criando um EXÉRCITO de fãs ao redor do mundo. É sério, o nome dos fãs do BTS é justamente ARMY.

O fandom internacional se esforçou bastante para que a banda tivesse a chance de estourar do outro lado do mundo. Em 2017, os fãs bombardearam as lojas norte-americanas, como Walmart, Target e Amazon, com pedidos para que estocassem os álbuns do BTS. Isso fez com que as vendas subissem nas paradas de música. E resultou na primeira aparição do grupo na TV americana, no American Music Awards, no mesmo ano.

Em 2018, o BTS parecia quebrar um recorde por dia. Eles se tornaram o primeiro grupo de K-pop a se apresentar no Billboard Music Awards; ganharam diversas certificações de ouro pela RIAA (Associação Americana da Indústria de Gravação) e dois de seus álbuns chegaram à parada 200 da Billboard em primeiro lugar, em alguns meses.

O grupo ainda colecionou colaborações com músicos ocidentais, como Nicki Minaj, The Chainsmokers e Steve Aoki. Tudo isso fez com que mais artistas de K-pop pudessem aparecer e estourar nos Estados Unidos.

Mais importante, o BTS nunca deixou de levar mensagens positivas para seus ouvintes, como é o caso do mantra repetido pelos fãs, “Love Yourself”, ame a si mesmo. O mote apareceu na série de álbuns Love Yourself e o objetivo é lembrar as gerações mais novas que o verdadeiro amor começa com o amor próprio.

Essa ideia culminou em uma campanha de mesmo nome com a Unicef, que patrocinou outra campanha, a #EndViolence, cujo objetivo é criar um mundo mais seguro para crianças e adolescentes. Os fundos da Unicef receberam apoio de doações e de uma porcentagem dos lucros dos álbuns Love Yourself do BTS.

O grupo ainda fez história quando RM deu um discurso na ONU, falando sobre a dificuldade de um jovem ao tentar se encontrar e encorajando a nova geração a procurar sua voz interior. Não só de estrelas teens que se faz a banda, mas também de autenticidade e preocupações sociais. Parece totalmente justificável que, agora, eles sairão de férias e cuidarão de suas vidas pessoais. Bom descanso e volte logo, BTS. Seu ARMY aguarda ansiosamente.

Tags: