Texto escrito por Gui Beck
Fotos por Rafael Beck

Nosso primeiro dia, 14 de março, com olhos e ouvidos atentos às performances musicais no SXSW começou muito bem, na tradicional e boêmia Rainey Street, no Container Bar, onde a cidade texana de Forth Worth promovia o terceiro e último dia de uma ocupação pensada para promover os negócios e turismo da cidade.

Seremos sinceros aqui, era o início da tarde e o rumor de “free BBQ” [churrasco de graça] motivou nossa curiosidade logo cedo. Não encontramos a comida grátis mas resolvemos temporariamente a fome com duas latas de Lone Star e logo fomos muito agradavelmente surpreendidos pela música de Abraham Alexander. Grego de nascimento e de descendência nigeriana, Alexander veio para Forth Worth ainda criança. Sua música é cheia de sentimento, voz aveludada mas potente e uma presença elegante no palco. A formação inusitada e enxuta de voz + guitarra (nas mãos dele mesmo) + 3 backing vocals foi surpreendentemente completa e harmônica.

Já no início da noite fomos até a Cedar Street Courtyard ocupado aqui pela British Music Embassy, que traz para o SXSW apenas artistas do Reino Unido. Fomos conferir uma promessa de show ao vivo com bastante energia que vinha dos caras da Gallus, banda punk escocesa formada em um pub de Glasgow. A expectativa criada pelo título de Best Live Act no Scottish Alternative Music Awards não foi decepcionada.

Os shows aqui no Festival costumam durar de 30 a 40 minutos, dada a grande quantidade de apresentações que precisam caber no tempo que temos para ver, mas os 40 minutos da Gallus pareceram, desde o começo, aqueles 40 que são a parte mais cheia de energia de um show. Com direito à dois passeios dos mais interativos do vocalista Barry Dolan no meio do povo e final do show com metade da banda empilhada no meio do palco como um único exausto organismo ainda vivo. Na sequência do show da Gallus resolvemos esperar pelo próximo show vindo do povo do Reino Unido.

Pela nossa experiência aqui, você planeja uma parte das atrações que quer conferir e uma parte você deixa um pouco ao acaso porque alguns artistas que você descobre na surpresa acabam sendo dos mais interessantes.

Nuha Ruby Ra, a artista de Londres, que subiu sozinha ao palco, pontualmente às 21h, acompanhada apenas de suas batidas, sons e dissonâncias eletrônicas, se confirmou como uma dessas surpresas interessantes. Talvez não no sentido “vou colocar aqui um sonzinho agradável pra ouvir” e nem mesmo “vou pesar a mão aqui na seleção musical pra me energizar”, mas eu diria que Nuha Ruby Ra é algo mais pra quando você está naquele clima de filme do David Lynch. Ao vivo, ao contrário do que se poderia esperar por conta do estilo musical pouco ortodoxo, a performer engajou e fez o público gritar junto com ela, enquanto paradoxalmente seduz geral com caras, bocas e poses. Veja algumas fotos do que rolou logo abaixo

Hoje, 15, é o dia #2 do Festival de Música e já estamos indo conferir os shows. Amanhã tem relatório de novo!