“Eu sempre disse que o mundo é um lugar diferente para quem está com o coração partido”, escreveu Taylor Swift em junho quando anunciou o relançamento de Red. O álbum, que ganhou a nova versão no último dia 12, veio provando que o mundo “se move em um eixo diferente, em uma velocidade diferente. O tempo salta para trás e para a frente fugazmente”, escreveu.

Na psicologia das cores, vermelho é a cor da paixão, do amor e do desejo. Na discografia e vida de Taylor Swift, vermelho é o quarto álbum de estúdio da carreira. Red foi lançado em outubro de 2012 e marcou oficialmente a transição dela para o pop mainstream. Nesse momento, após o lançamento do álbum e durante a The Red Tour, a cantora se transformou no maior ícone pop da geração, esgotando arenas em todo o mundo.

Agora, quase dez anos depois, Swift lançou a nova versão do álbum, a sua versão. Red (Taylor’s Version) marca sua segunda regravação – sucedendo Fearless (Taylor’s Version) – em sua longa jornada ao momento em que ela será dona de toda a sua discografia.  A nova fase de Red chega com as regravações das 16 músicas originais do álbum, além de versões alternativas e canções que Taylor escreveu na época e acabaram não fazendo parte do disco.

A música mais esperada pelos fãs é a versão de dez minutos de “All Too Well” e Taylor não os decepcionou. Nela, o vermelho paixão se transforma em pura raiva, sentimento que Taylor carregava dentro de si na época, mas precisou eliminar parte disso para caber no álbum. Na nova versão, que ela espera se tornar a versão oficial aos olhos dos fãs, sua composição se mostra mais madura, mais complexa, algo que vemos apenas a partir de Lover (2019). A canção traz camadas de sofrimento, raiva, amor, paixão e o vermelho de Red.

Como ela mesma disse, “o tempo salta para trás e para a frente fugazmente” e o sentimento ao ouvir Red (Taylor’s Version) é exatamente o mesmo. Um coração partido que volta para o momento em que ele foi conquistado e salta para frente, quando ele está estilhaçado e raivoso. Durante as 30 faixas, Taylor passeia por esses momentos diferentes de uma paixão: a conquista, quando o vermelho é pura paixão, e a desilusão, quando o vermelho se transforma em ira.

O vermelho de um amor dolorido dos dez minutos de “All Too Well” pode ser visto em outras canções como em “Ronan”, que foi baseada em uma publicação de Maya Thompson em seu blog sobre ter perdido seu filho de apenas três anos. Outro momento é em “The Moment I Knew”, faixa que marca a transição do vermelho paixão à ira. Na primeira versão, a canção trazia uma dor que apenas a desilusão conhece. Na nova versão ela se mostra mais forte e crua, em parte pela maturidade da sua voz, mas também pelo momento. Agora, Taylor olha para trás e vê exatamente quando seu coração seguiu outra direção.

Taylor adiciona uma camada de maturidade que só poderia acontecer após todos esses anos. A cantora teve seu coração partido mais de uma vez, perdeu o controle de suas gravações, encontrou o amor, lançou dois álbuns inéditos em meio à pandemia e agora, revive toda essa dor ao gravar Red (Taylor’s Version). O álbum, além de marcar um momento importante em sua carreira em que retoma o controle de seu trabalho, mostra sua força em se manter fiel a si mesma e a sua música. Taylor precisa abraçar todas suas fases, amores e corações partidos para criar uma nova obra de arte com a mesma matéria-prima.