Um dos grandes benefícios de explorar gêneros musicais é encontrar jóias escondidas onde se menos espera, ou vê-los retornando depois de terem alcançado seu pico. City Pop não é diferente. Em 2018, a cantora Mariya Takeuchi se tornou um meme ao ser recomendada para ouvintes de vaporwave com a canção “Plastic Love”, lançada em 1984. Agora, a música se tornou o carro chefe do gênero e grande catalisadora da volta ao retrô na Ásia. 

Para entender de onde veio isso tudo e sua atual popularização, faremos uma pequena contextualização histórica: depois do período conturbado da Segunda Guerra Mundial e a Guerra das Coreias, o Japão se viu com um crescimento econômico estável no início dos anos 60 intensamente impulsionado pelos Estados Unidos, além das importações de artigos tecnológicos. 

No final dos anos 70, artistas japoneses viviam nessa bolha capitalista como se não houvesse amanhã. City Pop foi inventado como uma fusão de disco, jazz e AOR em cima de uma sociedade cosmopolita que procurava ouvir algo leve, divertido e moderno. O uso do termo urban é utilizado frequentemente para espelhar os valores americanos que foram assimilados na época, afastando o antigo Japão agrário. 

Durante todo o período dos anos 80, as ruas das cidades eram usadas como inspiração para o gênero. A vida com luxo, roupas de marca, discotecas e arte foram os principais colaboradores para o City Pop. E por mais que não houvesse nenhuma rede social naqueles anos, a sua popularidade cresceu graças a disseminação dos aparelhos de som em carros, abrindo espaço para criar a imagem coletiva de cores neon, grandes prédios e o movimento da noite – elementos que podem facilmente serem vistos em animes dos anos 90, inclusive. 

Como o City Pop se tornou uma grande mistura de outros tipos de música, há muita discussão a respeito do que realmente faz parte desse movimento. Em fóruns como o Reddit, fãs fazem listas sobre os álbuns que são essenciais para conhecer o gênero. Por conta de toda a diversificação, não há algo definitivo, mas essa lista é a mais indicada.

Artistas como Junko Ohashi, Taeko Ohnuki, Tatsuro Yamashita e os grupos Casiopea e T Square são considerados os pioneiros do City Pop, com canções icônicas que abriram espaço para mais pessoas conhecessem a nova moda da época. Yamashita é um dos cantores que mais abrangeu outros gêneros em suas músicas, indo do disco ao estilo californiano, cantando sobre amor em inglês e japonês (com letras que contam como era apaixonado por Mariya Takeuchi, que são casados desde 1982). 

O gênero perdeu força já no início dos anos 90. O crescimento do Japão já não era mais evidente e crises econômicas derrotaram o estilo de vida que acompanhava as músicas. Os jovens não iam às discotecas, queriam um entretenimento com mais substância. Quem cresceu durante o pico do City Pop não sente nenhuma afinidade pelas canções. Porém, com o revival do retrô, há quem queira capitalizar essa moda novamente. 

No país ao lado, empresas de entretenimento coreanas perceberam que o mercado estava pronto para mais músicas inspiradas nos anos 80. Algumas focaram em um boogie e disco americanizado, outras decidiram que iriam no caminho do R&B e Soul. Em 2018, Yukika Teramoto debutou como artista de K-Pop, escolhendo resgatar sua origem japonesa na sua música de estreia. “Neon” foi o primeiro passo consolidado para uma nova era do City Pop, agora moderno e globalizado. 

Apelidada de “rainha do City Pop” pelos fãs, Yukika anunciou na última quarta-feira, 01 de julho, que seu novo álbum será lançado até o final do mês. 

Quer saber mais sobre K-Pop? Leia o nosso dossiê sobre o gênero!

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