No dia 10 de maio, lá no longínquo ano de 2011, o primeiro álbum completo da banda de post-hardcore/rock alternativo Balance and Composure estreava. Separation não foi o início de uma era, mas sim um ponto de impacto. Após 10 anos, a banda já encerrou as atividades, assim como muitas outras que foram conterrâneas e deixaram sua marca, como Title Fight e Man Overboard

Separation é um álbum excelente para ouvir quando você tem 15 anos. Não digo isso de forma pejorativa, muito pelo contrário, é de máxima importância ter “álbuns de formação” que eventualmente ajudam no senso de descoberta do self. De tal forma, é impossível para mim ser totalmente objetiva ao falar da banda ou das músicas, uma vez que tudo que eles lançaram se tornou pessoal na minha visão.

O álbum abre com “Void” e termina com “Defeat the Low”, e no meio tempo, todas as inspirações do vocalista Jon Simmons aparecem. Bandas como Nirvana, Brand New e Neutral Milk Hotel são claramente referenciadas no quesito melodia, de forma que um fã conseguiria apontar momentos específicos e exclamar o achado, igualmente feito por uma criança que encontra o Wally

Muito se fala na arte criada em canções como “Echo”, que expõe obviamente o lado mais calmo e de emoções mais controladas de Balance and Composure, enquanto “I Tore You Apart In My Head” deixa a gritaria solta e as sensações à flor da pele. Liricamente, a banda foi muito criticada por ser muito simples. Nas palavras de Ian Cohen, repórter da Pitchfork e quem resenhou o segundo LP da banda, Things We Think We’re Missing, algumas letras da banda são “sensitive dude poetry” que emula a angústia adolescente.

E é verdade. Metáforas simples, rimas que facilmente correm o risco de ser cringe, como dizem os jovens. Simmons nunca foi um super liricista, mas honestamente, ninguém pediu para ele ser. Porém, foram as mesmas que carregaram Balance and Composure por anos a fio, e que até hoje cativa e se renova para quem acabou de entrar na cena.

Inclusive, 2011 foi o ano de grandes lançamentos. Wildlife, de La Dispute, Parting the Sea Between Brightness and Me, de Touché Amoré e Shed, do Title Fight são alguns exemplos do que se tornou atemporal para quem acaba de aterrissar no post-hardcore e afiliados. 

Ainda mais, com Separation batendo a marca de primeira década, eu acho difícil voltar para a minha favorita, “More To Me” e não me encontrar numa memória de 2013, no auge dos meus 16 anos, num dia qualquer em que eu voltava da escola à pé, embaixo de uma chuva fraca. A memória é de um único dia, mas eu garanto que devo ter feito isso centenas de vezes, ainda mais por ter um emoji de guarda chuva no nome da minha playlist que só tem músicas deles.

É ainda mais difícil me conformar que algumas coisas vão embora e não tem volta. Primeiro, com o azar de nunca ter visto a banda ao vivo, já que eles nunca vieram ao Brasil. Segundo, de ser relembrada, mais uma vez, que a minha fase nessa cena acabou: a maioria das bandas que eu ainda gosto já não estão mais juntas, algumas passaram por escândalos dignos de prisão e outras simplesmente mudaram. 

Ouvir Balance and Composure, assim como ouvir Tigers Jaw, por exemplo, é resistir contra o tempo. Não é ruim, é só nostálgico. Na minha perspectiva, também é resistir contra minhas próprias mudanças. 

Balance and Composure me formou, foi catalítico no meu gosto musical e referencial para tudo que eu fui atrás para ouvir depois. Não foi a primeira a fazer isso e certamente não será a última, mas minha memória afetiva sempre vai ser como um soco toda vez que eu lembrar disso. 

Entretanto, como Simmons mesmo disse em “More To Me”: “That’s why it’s hard for me to end / All the countless hours I would spend / Making it work out up in my head / Now I’m filled up with only regret / There is no way to just forget”.

Confira Separation – e se puder, os álbuns seguintes da banda – aqui: