Quem nunca passou madrugadas em claro revivendo um milhão de cenários sem conseguir dormir? É sobre essas horas de tormento e agonia que a jovem Beren Olivia canta em seu primeiro EP Early Hours of the AM

Aos 22 anos, Beren é uma das grandes promessas do pop britânico e, assim como os artistas de sua geração, conseguiu uma fã-base significativa e cada vez mais crescente através das redes sociais, o que a fez acumular 5 milhões de streamings em suas músicas em um período de apenas um ano. Suas principais referências musicais também acompanham sua idade, o que a levou a trabalhar com Dylan Bauld em seu EP de estreia, o mesmo produtor responsável por alguns dos primeiros sucessos da cantora pop Halsey, como o hit “Colors” e a favorita dos fãs “Is There Somewhere”.

“Eu sou a maior fã da Halsey que existe, ela é uma das minhas favoritas,” conta Beren Olivia em entrevista ao Mad Sound. “Fico muito feliz pelo [Dylan] ter aceitado [produzir o EP] porque amei trabalhar com ele. Ainda não nos conhecemos, vamos nos ver pela primeira vez no mês que vem quando eu for para Los Angeles, mas eu acho que é muito raro encontrar alguém que te entenda e entenda quem você quer ser como artista e como quer ser ouvida. A primeira música na qual trabalhamos juntos foi ‘History’ e a primeira versão que ele me mandou foi basicamente a versão final. Foi muito fácil, tudo foi perfeito.”

“History” é uma faixa que traz a participação do artista americano Lostboycrow e não entrou para o Early Hours of the AM, mas carrega a mesma sonoridade sonhadora e etérea característica das produções de Dylan Bauld. Sua assinatura pode ser reconhecida ao longo das cinco faixas do EP de Beren Olivia, que transita por temas como um coração partido, a dor de ser substituída por outra pessoa e a idealização de um relacionamento passado depois do término.

“O EP se chama Early Hours Of The AM (“Primeiras Horas da Madrugada”) porque cada música representa um tipo diferente de estresse, pensamento ou preocupação que eu tenho por volta das duas ou três da manhã e não consigo dormir,” conta Beren. “Eu costumo manter um caderno com uma caneta ao lado da cama e normalmente eu acordo ou então ainda não fui dormir e costumo escrever músicas por volta desse horário. Todas essas preocupações são canalizadas na minha escrita, então é muito como um processo de contar histórias. Todas as músicas, se elas não são sobre algo pelo qual eu estou passando, são sobre algo que alguém muito próximo de mim está passando no momento.”

Com vulnerabilidade e sensibilidade, Beren Olivia abre o jogo sobre seus sentimentos e os pensamentos que a mantém acordada à noite falando sobre o medo de repetir erros passados na reflexiva “Hurt Again”, abordando os jogos mentais de um relacionamento disfuncional na dançante faixa-título e encerrando a jornada ao tentar se enxergar com mais carinho na doce e suave “The Way My Mama Looks At Me”.

Para a estética desse trabalho profundamente intimista e ao mesmo tempo feito para invadir o mainstream, Beren Olivia escolheu sua cor predileta, azul, que não só a acalma e é uma favorita compartilhada por membros da família, mas também pode ser associada a seus dias de nadadora profissional, que vieram antes da carreira de cantora.

“Sempre fui uma dessas pessoas que diz sim pra tudo e eu tentei muitas coisas diferentes quando era criança,” relata. “Fiz caratê por um tempo, fiz um pouco de tudo, e cantar veio um pouco depois por um problema de confiança. Eu ficava nervosa em cantar na frente das pessoas, mas eu estava sempre escrevendo e sendo mandada para a detenção por escrever durante a aula e não prestar atenção na matéria. Não sei por quê eles me mandavam pra detenção; tecnicamente, eu ainda estava sendo criativa e trabalhando em algo,” comenta.

“Uma vez que a natação se tornou algo sério, isso meio que ocupou a maior parte da minha vida. Mas quando eu fiz 13, 14 anos eu senti que tinha alcançado tudo o que eu queria alcançar na natação, então decidi parar. Eu não sabia o que fazer com todo o tempo livre que eu tinha, então entrei para o teatro musical da escola e meu objetivo era atuar, mas eu consegui um papel de atriz que exigia que eu cantasse, então eu cantei na frente de todas aquelas pessoas e pensei ‘ah, eu consigo fazer isso’,” conclui.

Para a capa de seu primeiro EP, Beren Olivia escolheu uma imagem bastante interessante onde está sentada em frente a uma série de espelhos, o que ela compara aos momentos em que passa acordada na cama revivendo todos as vezes em que “disse algo errado” ou “fez algo errado” – como se estivesse assistindo a todos eles. Para além dessa jornada reflexiva, a jovem britânica revela ter sonhos maiores de colaborações com grandes nomes como Shawn Mendes, Khalid e até mesmo Post Malone (que também já colaborou com a própria Halsey na faixa “Die For Me”).

Com voz de encaixe perfeito para a sonoridade açucarada de suas músicas, Beren Olivia demonstra potencial para conseguir as colaborações que tanto almeja e também cativa um público fiel ao se manter próxima de suas experiências pessoais em sua arte. Em meio a trabalhos de outras artistas jovens que dominaram o mainstream como Olivia Rodrigo e Billie Eilish, Early Hours of the AM se mostra mais uma obra perfeita para “dançar chorando” em um período da história em que todos estamos de coração partido, mas também almejamos intensamente um momento de descontração e alívio.

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