O ano era 1995. Eu visitava uma tia e da sala ouvi meu primo mais velho, Fran, escutando algo que chamou minha atenção. Era algo agitado e barulhento, mas não tão barulhento a ponto da mãe da minha tia reclamar do volume. Andei até a porta do seu quarto e ele me viu olhando a caixa do CD que tinha um desenho que chamou minha atenção (eu tinha sete anos). Fran então apontou para o CD e me perguntou se eu gostava daquela capa. Eu fiz que sim com a cabeça e ele falou: “É o que tá tocando. Se chama Green Day. O vocalista se chama Billie Joe, igual o meu cachorro”. Meu gosto musical começou a se formar nesse momento.

Anos mais tarde fui descobrir que eu já estava um ano atrasado, pois o “dookie” era de 1994. Mais precisamente de primeiro de fevereiro de 1994. Eram 14 músicas (com direito a uma escondida) que somavam pouco menos de 40 minutos, e fizeram o punk voltar ao topo das paradas. O trio californiano, com o terceiro álbum de estúdio, conquistou o mundo.

Depois da onda grunge que a música tinha passado, o Green Day apresentava ao mundo a visão dos jovens que também tinham diversos problemas, mas que levavam de maneira mais cínica e bem humorada, além da musicalidade mais pop do que a cena de Seattle.

Falando sobre problemas de ansiedade, relacionamentos e masturbação, o trio falava diretamente com adolescentes do mundo todo. Mesmo assim, faixas como “Welcome to Paradise” ainda davam espaço a comentários sociais sobre a periferia – uma característica típica do punk.

Dookie venceu o Grammy de 1995 por melhor álbum de música alternativa. Também figura na lista de 500 melhores álbuns de todos os tempos da Rolling Stone (posição 193) e nos 200 álbuns definitivos do rock do Rock and Roll Hall of Fame (posição 50). 

Mas números não são o bastante para quantificar a relevância desse álbum. São 26 anos de influenciando e possibilitando o sucesso de bandas mais óbvias – Blink-182, Offspring, Rancid e basicamente qualquer banda de punk e pop punk dos anos 90 em diante -, além de outra leva de artistas, que se quer estavam vivas no lançamento do álbum, como é o caso da nova queridinha da música Billie Eilish. A jovem e talentosa cantora norte americana de apenas 18 anos, em recente matéria na Rolling Stone, deixou Billie Joe Armstrong surpreso ao revelar que sua música favorita do Green Day era “All By Myself”, justamente a faixa escondida do Dookie

Dookie completa 26 anos sendo nostálgico e ainda influente para diversos adolescentes pelo mundo. Não fosse American Idiot, seria fácil apontá-lo como o álbum mais importante do Green Day. Mas isso é para um próximo aniversário.

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