Não é difícil imaginar que muitas pessoas tenham conhecido Crumb por meio de playlists e listas de reprodução automáticas do YouTube. Com 50 milhões de visualizações e quase 1 milhão de curtidas desde 2018, “Locket” foi a música que levou a sonoridade hipnotizante da banda estadunidense mais longe. 

Apesar dessa porta de entrada, por vezes movediça para muitos artistas, Lila Ramani (guitarra e vocal), Bri Aronow (sintetizadores, teclados e saxofone), Jesse Brotter (baixo) e Jonathan Gilad (bateria) souberam como manter seus fãs interessados.

Com texturas que passam pela psicodelia, jazz e pop, AMAMA, terceiro álbum do quarteto, será lançado no dia 17 de maio. “Despreocupado” e “de coração aberto” é como a banda descreve o trabalho, que já teve quatro de suas doze faixas compartilhadas até agora: “The Bug”, “AMAMA”, “Crushxd” e “Dust Bunny”. 

Essa seleção funciona como uma amostra dos diferentes caminhos pelos quais o quarteto tem se deixado levar. “Acho que nós tentamos escolher músicas que representam o som mais novo que estamos fazendo”, comenta Bri Aronow em uma entrevista exclusiva ao Mad Sound. No caso de ʽAMAMAʼ,. ʽThe Bugʼ é uma canção que está no nosso universo há uns cinco anos. Nós tentamos gravá-la para Jinx e Ice Melt. Já ʽCrushxdʼ soa um pouco mais trance ”, Bri Aronow compartilha. “Em sua totalidade, o álbum tem muitos sons diferentes. Estou animada para que as pessoas possam escutá-lo.”


A vulnerabilidade da qual a vocalista fala ganha força na faixa-título, que logo no começo usa um trecho de sua avó cantarolando – o videoclipe de “AMAMA”, que mescla produções visuais dos fãs com a interpretação de Ramani, mostra parte da chamada de vídeo que serviu de sample para a música.

“Minha avó mora na Malásia e eu só pude ir lá umas oito vezes na vida, com menos frequência depois de adulta. Nós não falamos a mesma língua. Então fazer a música foi legal porque pareceu uma forma de nos conectarmos e cantarmos juntas através dos oceanos”, Lila conta.

Outras conexões

Depois de anos recebendo mensagens pedindo para que a banda viesse ao Brasil, Crumb finalmente veio para cá em 2022, quando compôs o line-up do Balaclava Fest ao lado de Alvvays e Fleet Foxes, nomes também inéditos no país até então.

É com carinho que Ramani e Aronow lembram de sua passagem por São Paulo, assim como da música brasileira que influenciou a sonoridade do quarteto. Arthur Verocai e Novos Baianos estão entre os citados como seus favoritos. 

Uma artista francesa também faz parte dessa lista: Melody’s Echo Chamber. Em 2023, Crumb se uniu a Melody Prochet, que cabeceia o projeto, na música “Le Temple Volant”. As conversas sobre a colaboração começaram anos antes, durante a pandemia.

Aronow descreve que “foi algo muito legal porque quando começamos a banda, lá por 2016, ouvíamos Melody’s Echo Chamber o tempo todo. E daí ela entrou em contato dizendo que era uma grande fã e que adoraria fazer algo com a gente. Parecia realmente genuíno e nos conectamos à distância, compartilhando faixas que começavam com um pequeno loop de bateria e melodia, depois adicionávamos alguns versos”. 

O resultado se manteve fiel a ambas as estéticas e evidenciou suas interseções, como as vozes que se fundem apesar da diferença idiomática e o instrumental que flana como um turista. “Melody é uma pessoa adorável e uma musicista incrível. Quando ela veio a Nova York para fazer seus primeiros shows depois de um intervalo de quase seis anos, nós partimos numa aventura e filmamos o vídeo juntos”.

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