Quem foi adolescente nos anos 2000 com certeza se lembra da febre que a MTV era com seus clipes icônicos, canções de amor sofridas e programas que entretiam os adolescentes e jovens adultos da época.

Uma das bandas que mais se destacou durante essa época, foi o grupo norte-americano The Calling, donos do hit atemporal “Wherever You Will Go”, que com certeza embarcou nos cenários de sofrência de muitos à época.

Mais de vinte anos se passaram e a banda retorna para uma turnê muito extensa pelo Brasil, com incríveis vinte e duas datas, tocando por todo o país entre os meses de abril e maio, passando por locais menos visitados por nomes da música internacional, como Vitória, Guarulhos e Teresina.

Em entrevista exclusiva com o Mad Sound, o líder e vocalista do The Calling, Alex Band comentou sobre o megahit da banda, como as plataformas de streaming impactaram o mundo da música, uma história muito tensa sobre ele ter sido feito refém aqui na nossa terra e mais!

“Wherever You Will Go” integra o primeiro lançamento da banda, Camino Palmero, de 2001, juntamente com algumas outras músicas de bastante sucesso, como “Adrienne”, “Things Don’t Always Turn Out That Way” e “Unstoppable”, mas nenhuma se destacou tanto quanto a primeira.

Perguntado sobre o que ele achava ter feito a música se tornar tão gigante, ele admitiu: “Eu não sei”. 

“Essa é uma música que ficou na mesa da RCA Records por quatro anos. Eu, você sabe, escrevi quando tinha 15 anos. Eles nunca pensaram que seria um sucesso ou qualquer uma das outras músicas. Levou anos, até que eles pensassem, “ok, talvez isso. Vamos deixá-los gravar um disco e vamos tentar essa música”. 

Ele revelou mais detalhes sobre o primeiro álbum do The Calling em vinte anos: “hoje em dia, você não lança um álbum de uma vez. Você lança singles, certo? Então, basicamente, é isso mesmo, quando voltarmos dessa turnê pelo Brasil e outras partes da América do Sul, começaremos a criar conteúdo para mídias sociais e depois a lançar músicas. Então isso acontecerá mais tarde. Neste verão, eu acho. E continuaremos lançando tudo, mas estou, sim, super animado com isso.”

Além dos clássicos do The Calling e de sua carreira solo, Alex Band contou também que os fãs que forem aos shows ouvirão um spoiler do álbum. “É um set longo. Esta não é apenas a turnê mais detalhada e maluca que já fizemos pelo Brasil, você sabe, que estamos indo todos os lugares, mas será, definitivamente, o set mais longo que já tocamos.” 

“[Estou] apenas tentando dar aos fãs o máximo que posso pelo dinheiro deles. Eu sei que hoje em dia as coisas estão tão difíceis e eu quero que todos entrem naquele show ou nos shows e sintam que ganharam mais do que vale o seu dinheiro e é um ótimo show e estou super animado para trazer isto.”

Ao falar sobre as mudanças na indústria fonográfica, o vocalista explicou que ela não é mais como quando ele começou, explicando que agora há a possibilidade de qualquer um gravar seu álbum.

Ele refletiu também sobre uma época de downloads ilegais. Gravado em 2008, seu álbum ao vivo no Brasil vendeu cerca de 5 a 10 mil cópias, mas ao contratar uma empresa que lidava com o tema, descobriu-se que, alguns anos depois, o registro já havia sido baixado 2,5 milhões de vezes ilegalmente.

Quando lhe perguntei sobre as memórias do Brasil, eu não sabia o que estava por vir. A primeira coisa que ele me disse foi: “Tenho tantas lembranças incríveis, tanto assustadoras quanto simplesmente loucas.”

Ele relatou que a primeira vez que veio ao Brasil, foi uma “histeria”: “Eram milhares de garotas correndo pela rua como O Exterminador do Futuro atrás da nossa van, quebrando janelas. Uma loucura, escrevendo merda nas nossas coisas, ficar acordado a noite toda fora do hotel. Acho que estávamos no 14º andar de algum hotel como este, eu podia ouvi-los cantando a noite toda. Centenas de fãs acampados em frente a um hotel. Foram tempos incríveis.”

E agora as histórias começam a ficar mais bizarras. Band estava hospedado em um hotel e duas fãs, que tinham alguma conexão dentro do mesmo hotel que ele, entraram em seu quarto e se esconderam dentro do closet.

Mas agora sim as coisas ficam assustadoras: durante um show em Florianópolis, ele foi feito refém: “Fomos mantidos reféns pelos nossos próprios guarda-costas que foram contratados, apontaram armas para nós, e depois do show, nos mantiveram como reféns no camarim. E eles queriam US$ 5 mil em dinheiro para nos deixar ir.”

“Pedi para usar o banheiro porque lembrei que o banheiro tinha uma janela aberta e usei o banheiro. Saí pela janela e havia uma estranha escada em espiral que ia até o telhado. O local era separado desse outro tipo de edifício. O camarim era ali. E então eu vi que tinha que pular do telhado, que tinha dois andares. Entrei no estacionamento e então corri e procurei ajuda e a embaixada. A embaixada americana se envolveu e, eventualmente, conseguimos sair, mas foi uma loucura.”

Mesmo com experiências horríveis, ele diz que tem ótimas memórias do Brasil. “A paixão e a lealdade que os fãs têm no Brasil é diferente de qualquer outro lugar do mundo. Posso subir no palco me sentindo totalmente confortável e não preciso exagerar. Não preciso tentar impressionar. Eu posso me sentir confortável cantando as músicas, e todo mundo está lá cantando a cada minuto, e, tipo, tem uma vibe que é indescritível, que só se encontra, de verdade, nisso. Nas pessoas do Brasil.”