Em tempos que o ato de respirar a música se torna um desafio e, ao mesmo passo, um método de sobrevivência, encontros que estimulem, ensinem e de alguma forma, toquem, os apaixonados por música podem causar novas visões e até revoluções.

Revoluções estas que o Festival No Ar Coquetel Molotov irá apresentar e proporcionar gratuitamente para o público a partir de hoje, 11. A décima sétima edição do evento, que possui na direção e na curadoria Ana Garcia, se reinventa, mas mantém a mesma essência que fez o festival se tornar um expoente na cena musical brasileira.

Com direito à dimensões inéditas até entre os eventos musicais online ocorrendo durante a pandemia do COVID-19, Ana explica em nota para o Mad Sound que delinear o ritmo do festival foi um intenso processo de meses, mas que algumas ideias como ter um portal próprio para o público acessar o festival, e também que a parte musical não seguiria a tendências das intermináveis lives de quarentena, mas que o segmento pudesse mostrar daqui dez anos o que o Brasil e o mundo enfrentava naquela época.

Com verdadeiras turnês de pensamento de Garcia em busca do formato certo para o festival, que geralmente retornavam para a ideia inicial, a equipe criou um conselho que fez o caminho se tornar mais claro, rico e ambicioso com o tempo. “As possibilidades do mundo virtual são infinitas e fazer audiovisual tem um custo muito alto, então quando definimos que iríamos fazer uma série e focar em Pernambuco, isso ajudou a funilar as ideias e definir melhor a curadoria”, ela conta sobre a Série CQTL MLTV, gravada parte em São Paulo, (com artistas como Jup do Bairro e o encontro inédito entre Boogarins e Ava Rocha), e parte no Criatório, estúdio com cenário bucólico localizado no interior de Pernambuco, na cidade de Gravatá, e irá encerrar o evento nos dias 22 e 23 de janeiro no canal de YouTube do festival.

“Pernambuco foi um dos estados que não deu nenhum suporte para a cena musical independente durante a pandemia, então tivemos a ideia de fazer um edital, mentoria e pitchings focado em artistas super novos, com até um disco lançado. E uma curadoria para a série que trouxesse o que tem de mais legal da cena atual, ao mesmo tempo resgatando a história do festival”, explica.

Lia de Itamaracá por Bieco Garcia em Gravatá

O guitarrista e vocalista do Boogarins, Benke Ferraz, assume não só a direção musical do festival, mas também a liderança de uma das mentorias para os selecionados do edital, os guiando pelo mundo da produção e mixagem musical. “Os artistas puderam pontuar quais tipos de mentorias estavam mais interessados e estar do outro lado, sendo esse ponto de contato para auxiliar em um novo passo na carreira de um artista é muito gratificante”, ele compartilha. “Me preparei escutando bem o trabalho dos artistas pra pontuar os pontos fortes e tentar propor modos de ressalta-los, uma vez que meu foco é realmente a parte de produção musical.”

“Acho que essa troca constante entre gerações e cenas é o que faz da internet um lugar ainda mais positivo do que negativo para quem procura desenvolver uma carreira na música”, o artista reflete. “Todos estamos na batalha e buscando novos modos de fazer o que amamos e é importante mostrar isso para novos artistas, que nessa nova realidade, sem shows, enfrentam muito mais barreiras para divulgar seus trabalhos.”

Benke também estará presente na mediação nas duas rodadas de uma das pautas do segmento Encontros, que irá discutir ao lado de nomes como Brvnks, Mel e Tuyo, a linha, atualmente tênue, entre ser artista ou influencer digital, além de outros assuntos que vão desde o mundo geek no Ensino Superior até as possibilidades de fazer música acessível. A programação continua se expandindo através dos Call Centers, que funcionarão como masterclasses ministradas pelo Zoom em que artistas como Johnny Hooker e Bixarte irão compartilhar de perto detalhes e insights sobre seus processos criativos.

As oficinas também serão espaços imersivos para aprendizados e trocas por parte dos ministrantes e público, contando com nomes como o da DJ inglesa Perera Elsewhere, até o de MC Tha, que literalmente irá abrir os caminhos para o festival na primeira parada na programação, e explica um pouco mais sobre a oficina para o Mad Sound. “Parto da ideia de que tudo é ritualístico. Desde acordar e escovar os dentes até a rotina de cuidados com a pele. Entendendo isso, criei essa conversa onde vamos entender algumas táticas de organização de mente e espaço físico para chegar num campo fluido e assentar nossos planos. Basicamente busquei entender as rotinas do meu pré-ritual: não acendo uma vela se a minha volta está bagunçada, por exemplo.”

Por último, e certamente não menos importante, Ana Garcia nos apresenta a imersão 3D proporcionada pelo evento, “Vamos poder explorar tantos conteúdos diferentes e ele estará aberto até março. Você vai poder criar o seu avatar e circular o espaço como se tivesse no festival físico. Tem as áreas das marcas como também os espaços que criamos. O mundo foi realizado pelo grupo carioca Rosabege e acho que vai ser muito divertido. Terá até um show com a Perera Elsewhere nele em parceria com o Projeto Pontes da Oi e British Council“, clique aqui para mergulhar neste mundo, e confira toda a programação do No Ar Festival Coquetel Molotov, logo abaixo.