No último dia 8 de dezembro o Auditório do Ibirapuera foi palco do WME Awards by Music2!. Idealizado por Claudia Assef, Monique Dardenne e Fátima Pissara, o evento foi transmitido pelo canal TNT e homenageou as incríveis Alcione e Elis Regina.

Esta foi a 4ª edição do evento que trouxe 17 categorias e oito atrações musicais, tudo apresentado por Preta Gil e Karol Conká. Entre as indicadas tivemos nomes como Vivian Kuczynski, Luedji Luna, Céu, Letrux, Jup do Bairro e Drik Barbosa, entre outras mulheres que vêm divulgando trabalhos inspiradores.

Em preparação ao evento o Mad Sound conversou exclusivamente com Ju Strassacapa, da francisco, el hombre, que foi indicada à Música Alternativa com “Duas Águas”, pela primeira vez em carreira solo. No papo, Ju comentou sobre suas influências e sobre como foi a decisão de se lançar solo em pleno 2020. A artista está trilhando seu próprio caminho em plena pandemia e isso nos mostra o poder da música e, claro, a força e talento de Ju.

Você pode conferir a entrevista na íntegra logo abaixo. E em seguida o clipe de “Duas Águas” e o último single da artista, “Sonho Ritual”, que teve seu clipe divulgado hoje, 14.

Mad Sound: Como foi o processo de fazer esse trabalho solo colaborando com pessoas diferentes?

Ju Strassacapa: Tem sido muito bonito e intenso. Cada pessoa é um universo, e trabalhar com coletivos inteiramente novos tem me trazido muitas descobertas e sinto que trouxe algo novo a cada um me ajudou a parir essas filhas.

MS: Você tem planejado esse trabalho há muito tempo? Como foi a decisão de lançar o projeto agora?

JS: Eu sentia essa urgência já há algum tempo, mas as peças foram se encaixando para realizar esse projeto agora. Todo coletivo é formado de indivíduos com suas próprias poéticas, e em algum momento é super benéfico dar vazão a isso.

MS: Me conta um pouco das suas inspirações e influências pra esse projeto?

JS: Minhas inspirações vêm de uma mescla de músicas folclóricas, pontos de religiões de matriz africana, cantos-medicina, xamanismo do Brasil (Pindorama) e América Latina (Abya Yala) com Latintrônica. Alguns nomes que me inspiram muito são Chancha Via Circuito, Clara Nunes, Elza Soares, Alessandra Leão, Mateus Aleluia, Mateo Kingman, Lulacruza, Danit, King Coya…

MS: Fazer parte desse time incrível de indicadas e desse evento é lindo demais de se ver. Como você tá quanto a isso? Deve ser uma emoção e tanto!

JS: Acho lindo! Ter minha primeira música de trabalho sendo indicada em meio a tantas mulheres maravilhosas e talentosas me faz ter ainda mais confiança de que estou nos caminhos certos.

MS: Conta um pouco pra mim sua visão sobre o evento e o mercado hoje? Ele já tá na quarta edição e acho que o mundo no geral e o mundo da música mudou bastante desde então…

JS: É muito importante a existência de eventos como esse porque é urgente que coloquemos o holofote sobre mulheres, pessoas LGBTQIAP+, pessoas pretas, indígenas… Porque a história e a arte por tempo demais foi assinada e creditada ao homem branco, hétero, cis, colonizador. Já está mais do que na hora de estarmos nós contando a nossa história e sendo credibilizadas por isso.

MS: Esse ano as homenageadas são Alcione e Elis Regina. Elas te influenciaram de alguma forma na carreira? Ou até mesmo na vida pessoal.

JS: Com certeza, cada mulher que ouvi me trouxe até onde estou hoje. Sinto suas vozes dando respaldo a minha própria voz. Elis foi uma cantora e intérprete sem igual, que transformou as músicas em suas. Alcione, maravilhosa, além de ter esse vozerão é compositora e multi-instrumentista, o que valorizo muito, justamente pela questão que apontei acima, cada autora, compositora traz sua visão de mundo, e também por muito tempo as mulheres na música se restringiram a ocupar o espaço da voz melodiosa, de backing vocais. Tocar um instrumento e botar suas artes no mundo é algo muito empoderador, não só para quem dá a luz a isso, mas para todas que fruem essa arte e se sentem representados.