A banda paulistana Terno Rei completou um ano do criticamente aclamado álbum Violeta, e comemorou essa data com duas noites esgotadas no Sesc Santana, em São Paulo, no último final de semana (1 e 2).
A noite chuvosa na capital paulista não intimidou o público reunido na noite de estreia do espetáculo da banda que, segundo muitos, recebe o título de banda de indie pop brasileira atualmente mais relevante na cena musical, com referências musicais à bandas como os americanos do Turnover, show este que o Terno Rei irá abrir em junho, na Fabrique. A audiência era composta por uma parte significativa de adolescentes e jovens, esses que, em sua maioria, estavam em grupos de amigos, inquietos e com vinis do álbum aniversariante em mãos, enquanto o show não começava.
Por volta de 21h15, as luzes se apagaram e a cortina se abriu, revelando o grupo de amigos e companheiros de banda composto por Ale Sater (vocal e baixo), Greg Maya (guitarra, sintetizadores e iniciante no vocal, segundo Ale durante o show), Bruno Paschoal (guitarra, vocal, sintetizadores) e Luis Cardoso (bateria e vocal). Com o palco sendo iluminado por luzes de tons violetas, e no telão, o símbolo da banda no centro da imagem, os sintetizadores oitentistas da primeira música, a ótima “Medo” já definiram o ar da noite, com uma atmosfera nostálgica, viajante, e feita para ser cantada em coro.
Com trechos como “A estrada é generosa e você não quer ver/ Que eu já não tenho medo de voar/ Quem não tem mais medo sou eu/ E eu sou você”, amigos se abraçavam, ou telespectadores cantavam com os olhos fixados no palco, embalando o teatro por completo em diversos sentimentos que o público pode despertar diante aquelas canções.
Na primeira fala do vocalista Ale, por volta da terceira música, ele agradeceu a presença de todos e os convidou para ir para mais perto do palco, sugestão atendida de prontidão pela grande maioria de adolescentes e jovens mencionados anteriormente. Agora, com os maiores fãs perto dos artistas, o show ganhou uma nova camada, a da intimidade, com público e banda trocando sorrisos e olhares, pedidos de setlist sendo ouvidos e respondidos de prontidão pelos artistas, demonstrando muita simpatia com a audiência, tendo piadas direcionadas aos membros da banda e até alterações cômicas nas letras feitas momentos antes da próxima música começar, tal como em “Luzes de Natal”, em que alguém substitui a primeira linha “Um café/ Dois cigarros”, por “Uma breja/ Dez cigarros”. Um momento que consolidou a conexão descontraída e leve do Terno Rei com o público foi ao ver todo teatro cantando parabéns para o disco Violeta, canto puxado por acordes de “Parabéns à você” feitos pelo guitarrista Greg.
A noite chegou ao fim com “Solidão de Volta”, a segunda maior música da banda, mas, pela reação do público ali presente, talvez a mais adorada. O clima chuvoso lá fora complementou um espetáculo que parecia estar sendo realizado em um pequeno salão de shows, aconchegante, delicado, e com uma energia um tanto quanto esperançosa, simbolizando uma ode às reflexões e angústias presentes na setlist, em uma experiência quase sinestésica, o show em comemoração ao Violeta, proporcionou, definitivamente, para quem estava em cima e fora do palco, emoções dignas de muitas outras camadas de cores.