É um grande privilégio ver o Terno Rei em casa. No último fim de semana, a banda esgotou as duas datas da turnê do novo álbum, Gêmeos, no Cine Joia, em São Paulo, e a experiência não poderia ter sido mais diferente daquela tarde quente e ensolarada no Lollapalooza Brasil.

Na ocasião, apesar de ter entregado um ótimo set e encantado o público presente, o quarteto paulista parecia meio deslocado – fosse pela performance em meio a um sol a pino ou pelo horário das 13h, que desfavoreceu o acúmulo de uma plateia maior. No último domingo, 01, porém, o clima era de uma grande festa entre amigos e família (a mãe de Greg estava presente para prestigiar o filho).

Depois de ter esquentado a noite paulistana já no sábado, 30, seria fácil imaginar que o domingo não estaria tão caloroso, especialmente por ser um dia de feriado, mas o Cine Joia ficou quente e abafado com tantas pessoas reunidas para ver o Terno Rei. Era difícil achar um espacinho para chamar de seu e impossível se mexer para dançar sem esbarrar nas outras pessoas. Quem chegou mais tarde só encontrou lugar perto da porta ou no mezanino.

Apesar de ter sido lançado há apenas dois meses, é fácil perceber como Gêmeos conquistou a galera. As três músicas de abertura do show, “Esperando Você”, “Difícil” e “Brutal”, todas parte do disco, foram cantadas do começo ao fim com muita energia, fazendo o vocalista Alê Sater admitir: “Hoje é a segunda noite e mesmo assim eu não tô conseguindo segurar o choro”. Mais pra frente no set, ele secou discretamente algumas lágrimas depois de “Medo”.

O vocalista também notou a empolgação da plateia ao longo da noite, comentando que estava no mesmo nível – ou até maior – que a do dia anterior. Além do novo disco, os fãs curtiram faixas do queridinho Violeta (2019) como “Solidão de Volta”, “Yoko” e “Dia Lindo”, que sempre causam um maior frenesi.

É dentro desses espaços – bem delimitados e com um público totalmente seu – que o Terno Rei brilha com mais força. No palco, cada um dos quatro músicos parece estar em sua própria esfera, concentrados em criar aquele momento mágico para quem está assistindo, mas o carinho entre fãs e banda também é muito visível. Só quem viveu sabe: é muito gratificante ver uma banda indie lotando uma casa de shows em São Paulo com um público só seu.

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