Texto por: Joana Söt
A noite da última quinta-feira, 30, foi duplamente nostálgica para os shoegazers raiz desse Brasil. Com público mesclado entre mais jovens e a velha guarda da barulheira nascida na Grã-Bretanha, a banda Terraplana, de Curitiba, “realizou o sonho” (segundo a vocalista Stephani Heuczuk em vídeo para o selo Balaclava, ao qual pertencem), de abrir um show dos (talvez?) criadores do gênero musical shoegaze.
A apresentação foi parecida com aquilo que já havíamos visto há algumas semanas no Balaclava Fest, mas dessa vez com uma qualidade superior pela acústica e produção do espaço e festival, e contou com uma setlist de novos singles (como “Meus Passos”), que contém uma diversidade sonora que eleva o nível do show deles. A banda ainda falou sobre lançar um novo álbum mas não deram nenhuma data.
A grande atração da noite, Slowdive, que mais cedo havia anunciado que a vocalista Rachel Goswell não cantaria no concerto, fez um show que não desapontou os fãs, numa oportunidade única de ver a banda em modo semi-instrumental, apenas com os vocais mais graves de Neil Halstead. Foram poucos os shows que estive presente e vi tamanha sinergia entre público e banda como ontem. Nas partes cantadas por Rachel, a artista sinalizava com a mão e um sorriso tímido para o público, que, felicíssimo pela presença dela no palco apesar da infecção no trato respiratório, cantava alto em uníssono, completando a banda.
E não passamos despercebidos! Sorrisos dos integrantes da banda eram perceptíveis entre uma música e outra pela plateia brasileira. Além disso, na noite calorenta e entre suor compartilhado por parte dos fãs com camisetas da banda, pacotes com garrafas de água passavam da grade até o fundo do espaço, num ato do festival de cuidar e ser responsável pelos amantes das bandas que ali performaram. Uma verdadeira aula de boa estrutura por parte da organização.
A banda iniciou o show com visuais e single ligados ao último álbum Everything Is Alive (que aliás está absurdo de ouvir ao vivo), e seguiu numa setlist simplesmente impressionante – como prometida pelo guitarrista Christian Savill em entrevista ao Mad Sound – recheada com pequenos pedaços da discografia completa da banda. “Catch a Breeze”, “Shanty”, “Star Roving”, e “Crazy For You” foram algumas que pareceram verdadeiros presentes divinos aos presentes ali.
Na verdade, pela segunda noite seguida de Primavera Sound aqui na cidade, posso afirmar que essa palavra se faz firme por enquanto: até agora, a divindade dessas apresentações e a sinergia com o público é tão grande que estamos aqui nos perguntando o que o festival nos reserva no fim de semana, nos shows oficiais. Ansiosos?
Confira a galeria com fotos da nossa fotógrafa Marcela Lorenzetti: