Texto e entrevista por: Joana Söt

Quando me perguntaram se eu gostaria de entrevistar o Slowdive, minha primeira reação foi de euforia. Tantas perguntas! Tantos anos sendo fã, tantos momentos especiais com a trilha sonora de uma das bandas fundadoras do gênero shoegaze, havia tanto a ser expressado nesta entrevista, e mesmo assim, por 11 minutos que pareceram segundos, a sensação foi de rever um velho amigo numa conversa tranquila em tom amigável, como se a presença de Chris, o guitarrista da banda, já me fosse comum durante vários anos da minha vida. 

Slowdive é uma banda que começou como precursora do shoegaze, mas que hoje em dia, depois de mais de 20 anos de carreira e pausas longas entre álbuns, se reinventou e transita pelo dream pop, ainda com a presença das fortes guitarras distorcidas. O último álbum, Everything Is Alive, no entanto, mescla sons eletrônicos aos ritmos alucinantes das guitarras distorcidas. O encontro com o guitarrista da banda resultou numa conversa mais ou menos assim:

MS: Começando pelo fim (todos riem): Como é voltar ao Brasil para tocar pela segunda vez? 

Christian Savill: Para começar, estamos muito animados em voltar ao Brasil. O único show que fizemos em São Paulo foi extremamente especial. Foi com certeza a plateia mais incrível que tivemos, de todos os lugares que já tocamos. Ficamos completamente chocados com o público. Vocês são malucos!

MS: Nós (fãs brasileiros) podemos esperar algumas surpresas nesses dois novos shows?

Chris: Ainda não sabemos das músicas exatas, mas faremos um set mais completo no show fora do festival, já que nosso tempo é maior. Queremos tocar músicas do álbum novo, mas também visitar os outros álbuns, com certeza.

MS: Com o COVID e todas as situações políticas, climáticas, sociais que estão acontecendo no mundo, como vocês se sentem criando nesse contexto? 

Chris: Neste último álbum nós realmente sentimos um amadurecimento, sentimos que estamos ficando velhos, mas tentamos fazer um álbum que não tivesse só tristeza, mas também esperança e positividade. Com certeza o processo de criação é diferente daquele que tínhamos aos 19/20 anos.

MS: Quais foram as diferenças de produção entre Slowdive e Everything Is Alive?

Chris: Sinto que Everything is Alive é um álbum mais reflexivo e íntimo, porque nasceu de projetos do Neil com música eletrônica, e depois foi incorporado na banda. Todos escolhemos músicas que imaginávamos ser mais a cara do Slowdive. O COVID fez parte disso também, porque fizemos todos separados em nossas casas.

MS: E sobre a capa do álbum?

Chris: (risos) Como sempre, foi algo de última hora. É sempre assim com a gente! Na verdade foi a parceira do Neil que encontrou a imagem online. Nós tínhamos a ideia de fazer algo com labirintos, mas amamos a iconografia do século XIII presente no centro da imagem. Pareceu fazer sentido, mas depois percebemos que outras bandas já haviam usado a mesma imagem (risos).

A banda clássica de shoegaze toca no Primavera Sound São Paulo, em sua segunda edição no país. Slowdive também passará na casa onde apresentaram seu primeiro show em terras brasileiras em mais de 20 anos de banda, no Cine Joia. Fique por dentro e não perca a oportunidade de vê-los ao vivo!