No dia 19 de novembro acontece a 13ª edição do Balaclava Fest e o grande headliner da noite é o Unknown Mortal Orchestra (UMO). A banda alternativa que bebe de influências como o rock psicodélico, garage rock e lo-fi é comandada pelo multiinstrumentista, cantor e compositor Ruban Nielson, que conversou com o Mad Sound sobre o retorno ao Brasil e os detalhes do álbum mais recente, V (2023).

Para o show no Balaclava Fest, o Unknown Mortal Orchestra deve tocar músicas de todos os seus cinco álbuns, incluindo favoritas do público e também algumas faixas “obscuras”, das quais “poucas pessoas ouviram falar”, segundo Ruban. A banda divide line-up com American Football, Hatchie, Thus Love, PVA, terraplana + Shower Curtain e Whitney, da qual faz parte o baterista Julien Ehrlich, que já tocou com o UMO. “Estou muito animado com esse line up, na verdade. Vai ser um desses festivais em que eu quero assistir ao show de todo mundo”, comenta o vocalista.

As lembranças de Ruban sobre a última passagem do Unknown Mortal Orchestra pelo Brasil são divertidas e calorosas. Segundo o vocalista, o grupo foi a um bar depois do show de São Paulo e fez amizade com os funcionários do local, que eram fãs da banda. Isso rendeu uma noite inteira dos integrantes pulando de bar em bar com seus novos amigos, conhecendo lugares e pessoas novas a cada parada. 

“No fim da noite nós fomos parar em um dos bares mais divertidos em que eu já estive. Era um bar gay em São Paulo e tinha música ao vivo e um rapper estava cantando. Acho que passamos por cinco ou seis lugares aquela noite. Foi muito divertido”, relembra Ruban.

A conexão do UMO com o Brasil não para por aí. Para fazer a faixa “I Killed Captain Cook”, do álbum mais recente, V, Ruban Nielson diz ter se inspirado na música de Caetano Veloso. Para além dele, o vocalista conta que é apaixonado pelo som de Gal Costa, Gilberto Girl e Os Mutantes, assim como todo o período da Tropicália e da fase mais psicodélica da música brasileira.

Para os videoclipes de outras duas faixas do novo álbum, “Layla” e “Nadja”, a banda trabalhou com a dupla de diretores brasileiros Vira-Lata, formada por Giordano Maestrelli e Duran Sodré. O trabalho do duo já era admirado pelo integrantes do Unknown Mortal Orchestra e eles foram contatados para fazer os videoclipes de ambas as faixas. Os vídeos são uma sequência cinematográfica, contando a história de duas personagens de maneira delicada e emocionante. “Eu não estava preparado para o quão bom o vídeo seria. A primeira vez que assistimos os dois vídeos juntos, eu fiquei com os olhos marejados”, conta Ruban.

Para ele, as duas faixas têm um significado bastante especial. Apesar dos videoclipes mostrarem uma conexão temática, elas falam de coisas diferentes. “Layla” é sobre a família de Ruban Nielson. Mais especificamente, sobre sua mãe e seu tio, que deixaram suas casas no Havaí e foram morar em países diferentes (o tio nos Estados Unidos e a mãe na Nova Zelândia). “Eu tentei imaginá-los enquanto jovens e como seria o sentimento de escapar do lugar de onde eles vieram e querer sair de lá”, explica. Já “Nadja” fala sobre histórias da vida amorosa de Ruban. Memórias de coisas que ele vivenciou, lembranças de pensamentos e momentos vividos em relações e affairs. “É uma canção mais romântica”, conclui.

A família de Ruban Nielson foi importante não só para os temas das músicas do V, mas também na construção do álbum em si. O pai e o irmão do vocalista trabalharam ativamente no disco e sua mãe aparece dançando no videoclipe de “I Killed Captain Cook”. Para Ruban, incorporar sua família no processo musical de sua banda é uma maneira de reparar a relação “disfuncional” que eles tiveram no passado. Quando ele e seu irmão eram mais novos, o pai tinha problemas com vício em substâncias. Ele ficou sóbrio quando Ruban foi para a faculdade e a relação da família hoje em dia é diferente. “Por muito tempo as coisas estavam quebradas e assim que minha banda começou a fazer sucesso eu incorporei minha família no que eu estava fazendo e nós encontramos um jeito de reparar nossa relação do passado”, explica.

Ingressos para o Balaclava Fest ainda estão disponíveis no site da Ingresse.